quinta-feira, 29 de abril de 2010

Guerra contra Cuba: novos orçamentos e a mesma premissa

Os presidentes em Washington vão e vêm, mas o princípio das relações exteriores dos Estados Unidos é o mesmo: descarrilar os governos que se atrevem a defender a soberania nacional e destruir qualquer revolução que se aventure em um mundo diferente do programado por eles. As armas usadas pelos EUA na ofensiva contra Cuba evoluíram ao longo dos últimos 50 anos, mas a guerra é a mesma.

 Por José Pertierra*, em Cuba Debate


Como artefato de subversão na ilha, os cubanólogos de Washington e Miami querem construir um suposto movimento social e político plantado, irrigado e colhido nos EUA. Mas um genuíno movimento nacional político não se fabrica em capital inimiga. Os partidos e os movimentos não se exportam como mercadorias, porque um partido político não se compra e se vende como se fosse uma lata de salsichas.

Desde que George W. Bush assumiu a presidência dos EUA, em 2001, o orçamento para a criação de uma oposição social em Cuba, aliada aos interesses de Miami e da Casa Branca, aumentou astronomicamente: de 3,5 milhões de dólares em 2000 para 45 milhões em 2008. Em 2003, Bush criou uma comissão para prestar " assistência a uma Cuba democrática".

Esta comissão apresentou um documento de mais de 400 páginas no qual propõe "identificar meios adequados para pôr fim rapidamente ao regime cubano e organizar a transição". A política do presidente Barack Obama segue o padrão da comissão e do orçamento criado por sua recomendação: "Tomar medidas dirigidas ao treinamento, desenvolvimento e fortalecimento da oposição e da sociedade civil cubana".

Como a guerra contra Cuba é uma indústria em Miami, os mais beneficiados por esse projeto foram os que administravam a verba a partir da Flórida. Uma auditoria do tribunal de contas dos EUA em 2006 concluiu que a fortuna havia sido dissipada pelos grupos em Miami. Por exemplo, usaram o dinheiro para comprar chocolates Godiva, latas de carne de caranguejo e Nintendo Game Boys. Em 2008, o diretor de um dos grupos admitiu ter roubado quase 600 mil dólares, antes de renunciar para assumir um cargo político na Casa Branca do presidente Bush.

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terça-feira, 27 de abril de 2010

Eleições cubanas tiveram ampla participação popular


Os meios de comunicação cubanos informaram nas suas edições desta segunda-feira (26), sobre o processo de eleições municipais transcorrido na Ilha neste domingo, 25, destacando a participação de 8 milhões dos 8,5 milhões de eleitores inscritos e o ambiente de tranqüilidade. Foi a 14ª eleição deste tipo desde que se estabeleceu o Poder Popular em 1976.

 
Um total de 8.084.419 pessoas exerceram o direito de voto para eleger os delegados às Assembléias Municipais do Poder Popular (governos locais), de acordo com os dados preliminares da Comissão Eleitoral Nacional.

A capa do jornal Granma, órgão do Partido Comunista Cubano, que dedica quatro das suas oito páginas ao tema eleitoral, destaca a foto de uma integrante da mesa quando depositou o voto do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro e outra do presidente Raúl Castro, no momento em que votava.

Entre os 37.766 candidatos nos 169 municípios, 35,76% são mulheres, 60,9% são atualmente delegados às Assembléias Municipais e três quartos nasceram com a Revolução de 1959. As listas de candidatos contam ainda com 41,3% de negros e mestiços e 87,3% tem o ensino médio completo ou formação universitária.

Das eleições deste domingo e do próximo, quando se realiza o segundo turno, sairão eleitos 15.093 delegados às Assembléias Municipais. O segundo turno ocorrerá nas circunscrições eleitorais em que nenhum candidato tenha alcançado metade mais um dos votos válidos.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Jornalista francês desmascara blogueira cubana em entrevista

Matéria extr5aída dos sítios Vermelho e Rebelion


Ferrenha opositora do governo cubano, a blogueira Yoani Sánchez concedeu uma entrevista ao jornalista francês Salim Lamranium, na qual cai em contradição diversas vezes. Especialista em assuntos relacionados à ilha, ele conseguiu colocá-la contra a parede e expor a fragilidade dos argumentos da cubana. Veja abaixo.

Yoani Sánchez é a nova personalidade da oposição cubana. Desde a criação de seu blog, Generación Y, em 2007, obteve inúmeros prêmios internacionais: o prêmio de Jornalismo Ortega y Gasset (2008), o prêmio Bitacoras.com (2008), o prêmio The Bob's (2008), o prêmio Maria Moors Cabot (2008) da prestigiada universidade norte-americana de Colúmbia. Do mesmo modo, a blogueira foi escolhida como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo pela revista Time(2008), em companhia de George W. Bush, Hu Jintao e Dalai Lama.

Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores do mundo do canal CNN e da Time(2008). Em 30 de novembro de 2008, o diário espanhol El País a incluiu na lista das 100 personalidades hispano-americanas mais influentes do ano (lista na qual não apareciam nem Fidel Castro, nem Raúl Castro). A revista Foreign Policy, por sua vez, a considerou um dos 10 intelectuais mais importantes do ano, enquanto a revista mexicana Gato Pardofez o mesmo para 2008.

Esta impressionante avalanche de distinções simultâneas suscitou numerosas interrogações, ainda mais considerando que Yoani Sánchez, segundo suas próprias confissões, é uma total desconhecida em seu próprio país. Como uma pessoa desconhecida por seus vizinhos - segundo a própria blogueira - pode integrar a lista das 100 personalidades mais influentes do ano?

Um diplomata ocidental próximo desta atípica opositora do governo de Havana havia lido uma série de artigos que escrevi sobre Yoani Sánchez e que eram relativamente críticos. Ele os mostrou à blogueira cubana, que quis reunir-se comigo para esclarecer alguns pontos abordados.

O encontro com a jovem dissidente de fama controvertida não ocorreu em algum apartamento escuro, com as janelas fechadas, ou em um lugar isolado e recluso para escapar aos ouvidos indiscretos da "polícia política". Ao contrário, aconteceu no saguão do Hotel Plaza, no centro de Havana Velha, em uma tarde inundada de sol. O local estava bem movimentado, com numerosos turistas estrangeiros que perambulavam pelo imenso salão do edifício majestoso que abriu suas portas no início do século XX.

Yoani Sánchez vive perto das embaixadas ocidentais. De fato, uma simples chamada de meu contato ao meio-dia permitiu que combinássemos o encontro para três horas depois. Às 15h, a blogueira apareceu sorridente, vestida com uma saia longa e uma camiseta azul. Também usava uma jaqueta esportiva, para amenizar o relativo frescor do inverno havanês.

Foram cerca de duas horas de conversa ao redor de uma mesa do bar do hotel, com a presença de seu marido, Reinaldo Escobar, que a acompanhou durante uns vinte minutos antes de sair para outro encontro. Yoani Sánchez mostrou-se extremamente cordial e afável e exibiu grande tranquilidade. Seu tom de voz era seguro e em nenhum momento ela pareceu incomodada. Acostumada aos meios ocidentais, domina relativamente bem a arte da comunicação.

Esta blogueira, personagem de aparência frágil, inteligente e sagaz, tem consciência de que, embora lhe seja difícil admitir, sua midiatização no Ocidente não é uma causalidade, mas se deve ao fato de ela preconizar a instauração de um "capitalismo sui generis" em Cuba.

Para a entrevista completa clique abaixo:

sábado, 24 de abril de 2010

A mídia não comenta, mas Cuba realiza eleições neste domingo



Por Juan Marrero, em Cuba Debate

Para algumas pessoas no mundo deve ter soado um pouco estranho o anúncio do Conselho de Estado da República de Cuba de que no domingo 25 de Abril se efetuarão as eleições para delegados às 169 Assembleias Municipais do Poder Popular.

Isso é perfeitamente compreensível, pois um dos componentes principais da guerra mediática contra a revolução cubana tem sido negar, escamotear ou silenciar a realização de eleições democráticas: as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados do conselho, e as gerais, a cada cinco, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembleias provinciais.


Cuba entra no seu décimo terceiro processo eleitoral desde 1976 com a participação entusiasta e responsável de todos os cidadãos com mais de 16 anos de idade. Nesta ocasião, são eleições parciais.

Com a tergiversação, a desinformação e a exclusão das eleições em Cuba da agenda informativa de cada um, os donos dos grandes meios de comunicação tentaram afiançar a sua sinistra mensagem de que os dirigentes em Cuba, a diferentes níveis, não são eleitos pelo povo.

Isso apesar de, felizmente, nos últimos anos, sobretudo depois da irrupção da internet, os controles midiáticos terem começado a se quebrar aceleradamente, e a verdade sobre a realidade de Cuba, nas eleições e noutros acontecimentos e temas, ter vindo à tona.

Não dar informação sobre as eleições em Cuba, nem da sua obra na saúde, educação, segurança social e outros temas, decorre de que os poderosos do mundo do capital temem a propagação do seu exemplo, à medida que vai ficando completamente clara a ficção de democracia e liberdade que durante séculos se vendeu ao mundo.

Apreciamos, no entanto, que o implacável passar do tempo é adverso aos que tecem muros de silêncio. Mesmo que ainda andem por aí alguns comentadores tarefeiros ou políticos defensores de interesses alheios ou adversos aos povos e que continuam a afirmar que “sob a ditadura dos Castro em Cuba não há democracia, nem liberdade, nem eleições”. Trata-se de uma ideia repetida frequentemente para honrar aquele pensamento de um ideólogo do nazismo, segundo o qual uma mentira repetida mil vezes poderia converter-se numa verdade.

À luz das eleições convocadas para o próximo dia 25 de Abril, quero apenas dizer-vos neste artigo, dentro da maior brevidade possível, quatro marcas do processo eleitoral em Cuba, ainda suscetíveis de aperfeiçoamento, que marcam substanciais diferenças com os mecanismos existentes para a celebração de eleições nas chamadas “democracias representativas”. Esses aspectos são: 1) Registo Eleitoral; 2) Assembleias de Nomeação de Candidatos a Delegados; 3) Propaganda Eleitoral; e 4) A votação e o escrutínio.

O Registro Eleitoral é automático, universal, gratuito e público. Ao nascer um cubano, ele não só tem direito a receber educação e saúde gratuitamente, como também, quando chega aos 16 anos de idade, automaticamente é inscrito no Registro Eleitoral.

Por razões de sexo, religião, raça ou filosofia política, ninguém é excluído. Nem se pertencer aos corpos de defesa e segurança do país. A ninguém é cobrado um centavo por aparecer inscrito, e muito menos é submetido a asfixiantes trâmites burocráticos como a exigência de fotografias, selos ou carimbos, ou a tomada de impressões digitais. O Registro é público, é exposto em lugares de massiva afluência do povo em cada circunscrição.

Todo esse mecanismo público possibilita, desde o início do processo eleitoral, que cada cidadão com capacidade legal possa exercer o seu direito de eleger ou de ser eleito. E impede a possibilidade de fraude, o que é muito comum em países que se chamam democráticos. Em todo o lado a base para a fraude está, em primeiro lugar, naquela imensa maioria dos eleitores que não sabe quem tem direito a votar.

Isso só é conhecido por umas poucas maquinarias políticas. E, por isso, há mortos que votam várias vezes, ou, como acontece nos Estados Unidos, numerosos cidadãos não são incluídos nos registos porque alguma vez foram condenados pelos tribunais, apesar de terem cumprido as suas penas.

O que mais distingue e diferencia as eleições em Cuba de outras são as assembleias de nomeação de candidatos. Noutros países, a essência do sistema democrático é que os candidatos surjam dos partidos, da competição entre vários partidos e candidatos.

Isso não é assim em Cuba. Os candidatos não saem de nenhuma maquinaria política. O Partido Comunista de Cuba, força dirigente da sociedade e do Estado, não é uma organização com propósitos eleitorais. Nem apresenta, nem elege, nem revoga nenhum dos milhares de homens e mulheres que ocupam os cargos representativos do Estado cubano. Entre os seus fins nunca esteve nem estará ganhar lugares na Assembleia Nacional ou nas Assembleias Provinciais ou Municipais do Poder Popular.

Em cada um dos processos celebrados até à data foram propostos e eleitos numerosos militantes do Partido, porque os seus concidadãos os consideraram pessoas com méritos e aptidões, mas não devido à sua militância.

Os cubanos e as cubanas têm o privilégio de apresentar os seus candidatos com base nos seus méritos e capacidades, em assembleias de residentes em bairros, demarcações ou áreas nas cidades ou no campo. De braço no ar é feita a votação nessas assembleias, de onde resulta eleito aquele proposto que obtenha maior número de votos. Em cada circunscrição eleitoral há varias áreas de nomeação, e a Lei Eleitoral garante que pelo menos 2 candidatos, e até 8, possam ser os que aparecem nos boletins para a eleição de delegados do próximo dia 25 de Abril.

Outra marca do processo eleitoral em Cuba é a ausência de propaganda custosa e ruidosa, a mercantilização que está presente noutros países, onde há uma corrida para a obtenção de fundos ou para privilegiar uma ou outra empresa de relações públicas.

Nenhum dos candidatos apresentados em Cuba pode fazer propaganda a seu favor e, obviamente, nenhum necessita de ser rico ou de dispor de fundos ou ajuda financeira para se dar a conhecer. Nas praças e nas ruas não há ações a favor de nenhum candidato, nem manifestações, nem carros com alto-falantes, nem cartazes com as suas fotografias, nem promessas eleitorais; na rádio e na televisão também não; nem na imprensa escrita.

A única propaganda é executada pelas autoridades eleitorais e consiste na exposição em lugares públicos na área de residência dos eleitores da biografia e fotografia de cada um dos candidatos. Nenhum candidato é privilegiado sobre outro. Nas biografias são expostos méritos alcançados na vida social, a fim de que os eleitores possam ter elementos sobre condições pessoais, prestígio e capacidade para servir o povo de cada um dos candidatos e emitir livremente o seu voto pelo que considere o melhor.

A marca final que queremos comentar é a votação e o escrutínio público. Em Cuba não é obrigatório o voto. Como estabelece o Artigo 3 da Lei Eleitoral, é livre, igual e secreto, e cada eleitor tem direito a um só voto. Ninguém tem, pois, nada que temer se não for ao seu colégio eleitoral no dia das eleições ou se decidir entregar o seu boletim em branco ou anulá-lo. Não acontece como em muitos países onde o voto é obrigatório e as pessoas são compelidas a votarem para não serem multadas, ou serem levadas a tribunal ou até para não perderem o emprego.

Enquanto noutros países, incluindo os Estados Unidos, a essência radica em que a maioria não vote, em Cuba garante-se que quem o deseje possa fazê-lo. Nas eleições efetuadas em Cuba desde 1976 até à data de hoje, em média, 97% dos eleitores foram votar. Nas últimas três, votaram mais de 8 milhões de eleitores.

A contagem dos votos nas eleições cubanas é pública, e pode ser presenciada em cada colégio por todos os cidadãos que o desejem fazer, inclusive a imprensa nacional ou estrangeira. E, para além disso, os eleitos só o são se alcançam mais de 50% dos votos válidos emitidos, e eles prestam contas aos seus eleitores e podem ser revogados a qualquer momento do seu mandato.

Aspiro simplesmente a que, com estas marcas agora enunciadas, um leitor sem informação sobre a realidade cubana responda a algumas elementares perguntas, como as seguintes: onde há maior transparência eleitoral e maior liberdade e democracia? Onde se obtiveram melhores resultados eleitorais: em países com muitos partidos políticos, muitos candidatos, muita propaganda, ou na Cuba silenciada ou manipulada pelos grandes meios, monopolizados por um punhado de empresas e magnatas cada vez mais reduzido?

E aspiro, para além disso, a que pelo menos algum dia, cesse na grande imprensa o muro de silêncio que se levantou sobre as eleições em Cuba, tal como em outros temas como a obra na saúde pública e na educação, e isso possa ser fonte de conhecimento para outros povos que merecem um maior respeito e um futuro de mais liberdades e democracia.

Fonte: Cuba Debate

terça-feira, 20 de abril de 2010

Defender a Revolução Cubana é uma questão de princípio

(Nota Política do PCB)

Encontra-se na página eletrônica do PSTU uma nota assinada pela autodenominada LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional), sob o título “A morte de Orlando Zapata e as liberdades em Cuba”.

Esta “liga” é a mesma que ajudou a burguesia venezuelana a dizer não, no referendo constitucional convocado por Chávez, em 2008, e que recomendou abstenção no referendo revogatório convocado pelo Presidente boliviano, em 2009, sob a consigna “nem Evo nem oligarquia”, fazendo o jogo dos separatistas de Santa Cruz de la Sierra, que agem sob o financiamento e as ordens da embaixada norte-americana, da USAID e da CIA.

No exato momento em que a mídia hegemônica mundial promove uma torpe e cínica campanha contra Cuba, esta “internacional” de fachada objetivamente se associa ao imperialismo para combater a Revolução Socialista Cubana, que vem de completar históricos 50 anos de avanços políticos e sociais e de resistência ao cruel bloqueio que lhe movem os Estados Unidos.

Apesar da débâcle da União Soviética e das demais experiências de construção do socialismo no Leste Europeu, apesar do bloqueio e das incontáveis provocações que lhe move o imperialismo, Cuba mantém a mais efetiva democracia popular direta do mundo e conquistas sociais inimagináveis em qualquer país capitalista. Não existe nenhum país mais solidário e internacionalista do que Cuba, que forma estudantes do mundo todo e mantém em muitos países periféricos, sobretudo na América Latina, profissionais das áreas da saúde da família e da educação, com destaque para a luta contra o analfabetismo, já erradicado na Bolívia e na Venezuela.

A LIT-QI usa contra Cuba uma linguagem de esquerda que, aos menos avisados, pode soar como revolucionária. Por isso, seus pronunciamentos são funcionais ao imperialismo, para tentar passar ao mundo a impressão de que o governo cubano está isolado, ou seja, não é só a direita que o combate.

Num malabarismo teórico desonesto, a nota afirma que em Cuba há uma “ditadura capitalista” que precisa ser derrubada em aliança com a burguesia cubana de Miami! Compara o regime cubano com as ditaduras militares que marcaram o Cone Sul nos anos 1960/1980. A má-fé e a manipulação ficam evidentes quando agora defendem como correta a política de frente democrática contra aquelas ditaduras, política que combatiam ferozmente à época.

Pode ser até compreensível a associação de grupos como este, na Polônia nos anos 80, ao “Solidarinosc” e a seu líder, Lech Walesa, mesmo sendo flagrante a direção da CIA e do Vaticano. Em função dos erros na construção do socialismo, ali havia um movimento de massas dissidente, com peso na classe operária. Mas em Cuba, a “dissidência” é dirigida por organizações burguesas, financiadas pelos Estados Unidos, inclusive as que são mencionadas no texto da autoproclamada internacional, que não tem qualquer peso político naquele país. A única alternativa ao atual sistema cubano é o imperialismo, através da burguesia de Miami.

Neste tipo de orientação só se presta a fomentar em alguns países o surgimento de organizações pequeno-burguesa, messiânicas e sectárias. Como seitas, se reivindicam vocacionados para dirigir as massas e a revolução socialista. Quando não os dirigem, consideram que todos os movimentos ou processos de mudanças vivem “crise de direção”.

No momento em que o imperialismo, em função da crise de seu sistema, assume uma agressividade inaudita nas últimas décadas, não conciliaremos com essas posições pequeno-burguesas. Classificar a Revolução Cubana de “ditadura capitalista” é fazer o jogo da contra-revolução.

Por isso, o PCB terá imensas dificuldades em se relacionar com organizações políticas que venham a defender em nosso país orientações deste tipo. Mesmo que subjetivamente se percebam revolucionários, estes grupos objetivamente fazem o jogo do imperialismo, funcionando como a sua mão esquerda. O deputado Jair Bolsonaro, líder da ultradireita brasileira, também está divulgando um manifesto com a mesma linha política: “irrestrito apoio e solidariedade aos presos políticos que, em Cuba, lutam por liberdade e democracia naquele país”.

A posição que o Comitê Central do PCB aqui expõe não tem qualquer sentido antitrotskista, só porque aquela liga se reivindica, arrogantemente, a única referência mundial contemporânea do legado de Trotsky. A grande maioria das organizações e personalidades que têm a mesma referência teórica, no Brasil e no mundo, combatem veementemente as posições internacionais deste grupo, que só trazem prejuízos à luta do proletariado.

O PCB, que assume todos os seus 88 anos de vida, já superou o maniqueísmo reducionista, procurando fazer, nos dias de hoje, um balanço do socialismo com base nos fundamentos teóricos que nos legaram Marx, Engels, Lênin e outros intelectuais orgânicos e não em torno de culto a personalidades, sejam quais forem.

O PCB fica com Cuba e o socialismo!
O PCB fica contra o imperialismo!

PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central – abril de 2010



sábado, 17 de abril de 2010

PALESTRA COM DELEGAÇÃO CUBANA À CONFERÊNCIA DA ONU

Na noite da quarta-feira passada (14 de abril), não obstante a tempestade que se abateu sobre a capital baiana, participantes e amigos da Associação Cultural José Martí, que sonseguiram vencer o caos em que se transformou a cidade, tiveram o prazer de ouvir, no auditório do Sindicato dos Bancários,  a palestra de três ilustres membros da delegação cubana à Conferência da ONU sobre Prevenção dos Delitos e Justiça Criminal.

Rafael Pino Bécquer, Vice Procurador Geral da República; Norma Goicochea, diplomata e Julio Alfonso Fonseca, Secretário de Relações Internacionais do Ministério de Justiça falaram por mais de duas horas sobre questões importantes da realidade cubana atual, tais como o uso político da morte do preso comum Orlando Zapata após uma greve de fome, a ofensiva midiática e os novos desafios da Revolução. Por provocação da platéia, comentaram também sobre a questão racial em Cuba. Este último tema despertou particular interesse dos ouvintes, uma vez que estavam presentes  representantes de organizações de luta da população negra da Bahia.

Os palestrantes contaram que a Revolução de 1959 foi um divisor de águas na história cubana também no que se refere ao racismo. Antes havia uma realidade de quase "apartheid" em que os negros não tinham acesso à educação, saúde pública, cultura nem aos cargos públicos. Acrescentaram que o socialismo garantiu a toda a população cubana saúde e educação e conseguiu ampliar sensivelmente as oportunidades à população negra, embora seja necessário avançar ainda  mais.

Norma, mulher e negra, pertencente ao corpo diplomático cubano perante a ONU por mais de dez anos e atualmente embaixadora de seu país na Austria falou aos presentes, emocionada, que sua mãe, mulher inteligente e de grande vivacidade, era empregada doméstica na casa de patrões brancos e era isto que significava ser mulher e negra em Cuba pré-59. Tão logo a Revolução sagrou-se vitoriosa sua mãe disse: "Chega! Trabalho para eles desde que tinha 9 anos de idade! Chega! Acabou!". E concluiu: "Que futuro me estaria reservado sem a Revolução?".

Disseram também os palestrantes que a Revolução tem um profundo compromisso anti-racista e por isso Cuba foi o único país fora da África que mandou soldados e armas para combater o regime do apartheid. Acrescentaram que a presença negra é forte no governo cubano: são negros o vice-presidente do país, o presidente do Tribunal Supremo, vários dos ministros e muitos diplomatas.

Por fim, observaram que, de fato, há resquícios de preconceito na sociedade cubana, mas que é absolutamente falso falar em racismo institucionalizado, uma vez que a Revolução tem como um de seus principais objetivos propiciar igualdade nas condições de vida de todas as pessoas e assegurar a todos igualdade de oportunidades para desenvolver suas potencialidades como seres humanos. Infelizmente, disseram os membros da delegação cubana, o preconceito é algo que foi culturalmente introjetado por centenas de anos de colonialismo e de um modelo produtivo baseado na mão-de-obra escrava, de modo que é mais difícil combatê-lo. 

Encerrando o evento, muitos dos presentes se pronunciaram agradecendo a solidariedade e o exemplo de Cuba para o mundo, elogiando também a disponibilidade dos palestrantes.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Nota do Cebrapaz sobre o acordo militar entre o Brasil e os Estados Unidos

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz – Cebrapaz considera que a assinatura do acordo militar entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil não favorece a paz, a desmilitarização, a solidariedade entre os povos nem a integração soberana em nosso continente.

Apesar das proclamações formais, o imperialismo estadunidense continua sendo o inimigo número 1 dos povos latino-americanos, contra os quais pratica invariavelmente uma política ameaçadora, agressiva e intervencionista.

O lançamento da Quarta Frota da marinha de guerra dos Estados Unidos, o apoio aos golpistas hondurenhos, a instalação de sete novas bases militares na região, em território colombiano, a tentativa de estrangular a Revolução cubana, a ofensiva para desestabilizar a Venezuela bolivariana, os governos da Bolívia, do Equador e do Paraguai, mostram que não são pacíficas as intenções dos Estados Unidos na região.

O histórico das relações entre essa potência hegemonista e a América Latina é marcado, desde o início do século 20, por desigualdades, dominação, agressões e golpes.

O Cebrapaz apoia as políticas de integração da América Latina, que incorporam também políticas de defesa comum, no âmbito da Unasul e do Conselho de Defesa Sul Americano, claramente opostas ao pan-americanismo hegemonizado pelos Estados Unidos.

O Cebrapaz reafirma sua convicção de que é através do avanço da integração latino-americana e da defesa de uma maior autonomia da região, em face dos interesses dos EUA, que fortaleceremos a América Latina como Zona de Paz.

São Paulo, 14 de abril de 2010



quarta-feira, 14 de abril de 2010

10.000 estudantes na ELAM


A Escola Latino-Americana das Ciências Médicas (ELAM) de Cuba completou dez anos de criada e conta com uma matrícula de 10 mil estudantes de dezenas de países, que recebem a preparação acadêmica sem custo algum para os seus familiares.

"A nossa matrícula atual é de perto de 10 mil jovens. Já fizemos cinco formaturas (dos que concluiram o programa de seis anos) com 7.248 formados de 28 países", comentou a vice-reitora acadêmica, Midalys Castilla.

Atualmente, estudam jovens de 55 países — pois entraram alguns de países africanos e até de pequenas ilhas do Pacífico — e 75% deles são filhos de operários e camponees; além de estarem presentes bolsistas de 104 comunidades originárias da América Latina.

A única coisa que se exige aos jovens (com idades que flutuam entre 17 e 25 anos) é que, após formados, retornem a suas localidades ou bairros humildes para trabalharem nelas e retribuírem o aprendido.

Com os primeiros 34 jovens estadunidenses formados criou-se uma situação tal que obrigou a ELAM a obter um credenciamento da Junta Médica da Califórnia, para que seus títulos tivessem valor. Atualmente, estudam nesse centro 113 jovens desse país.

Ainda, em Cuba há 11 000 bolsistas do projeto ALBA, da Aliança Bolivariana para as Américas, formada pela Venezuela, Bolívia, Equador e otros países.

De início, "houve uma forte resistência nalguns países por parte dos Colégios Médicos", disse a vice-reitora acadêmica, durante um percurso pelas instalações da ELAM, na periferia de Havana.

Indicou que a preocupação das associações de médicos foi diminuindo, na medida em que perceberam que esses colegas retornavam a seus povoados, aonde realmente outros médicos não tinham interesse de trabalhar.

"Inclusive, governos da região que reagiram com desconfiança perante o projeto — disfarçada ou não —modificaram depois a sua percepção", disse Castilla.

Em países como Honduras, México, Brasil e Argentina os próprios jovens têm que batalhar para que seus títulos sejam reconhecidos. Porém, aos poucos, as universidades, as associações médicas e os governos têm vindo a ceder. Em troca, em Espanha, o reconhecimento do diploma é automático.

"Estamos num momento importante quanto à validação do programa", disse Castilla,

As aulas começaram em fevereiro de 1999 com 1.900 jovens, nomeadamente da América Central. Na época, a passagem de dois furacões abalou duramente as populações pobres dos países dessa região.

O então presidente Fidel Castro assegurou que tinha chegado a hora de começar a formação de profissionais "humanistas" comprometidos com suas comunidades, um verdadeiro "exército de batas blancas".

Atualmente, os estudantes e os já formados trabalham com o objetivo de fundar uma associação internacional que os reúna.

(Com informação da AP e site Patrialatina ).

domingo, 11 de abril de 2010

Partidos de esquerda na América Central reafirmam respaldo a Cuba


Lideranças de organizações políticas de esquerda, da América Central e do Caribe, condenaram em Manágua, na Nicarágua, a campanha de mídia contra Cuba. As legendas também reafirmaram seu apoio incondicional ao povo, ao Partido Comunista e ao governo cubano.
Convocados pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), representantes de partidos de El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Honduras e Guatemala, bem como também do México, Porto Rico, Venezuela e Cuba, entre outros, se reuniram visando a aprofundar a coordenação entre si e melhorar a projeção de seu trabalho político na região.

Como resultado dos debates, foram aprovadas várias declarações — entre elas, uma que condena "a feroz agressão" desatada principalmente pelos Estados Unidos e pela União Europeia contra Cuba, por ser essa nação "o paradigma das lutas contra as injustiças sociais e as causas progressistas".

"Declaramos nosso apoio incondicional ao povo, ao Partido Comunista e ao governo de Cuba e fazemos um chamado aos governos revolucionários, progressistas e democráticos da região para que denunciem em todos os fóruns internacionais esta nova campanha imperialista contra a Revolução Cubana", diz o documento.

“Chamamos os partidos políticos, movimentos e organizações sociais revolucionários e progressistas da região a expressar-se de forma organizada, sistemática e permanente em favor da Revolução Cubana e contra o imperialismo norte-americano e seus sócios internacionais", acrescenta o texto.

A declaração expressa o reconhecimento ao povo e ao governo de Cuba, que, demonstrando a mais alta solidariedade e humanismo, continua a ajudar de maneira desinteressada os programas sociais que beneficiam grandes maiorias dos povos não apenas do continente latino-americano — mas também em países da África e da Ásia.

Do site Vermelho e Prensa Latina

sábado, 10 de abril de 2010

UGT contratou "manifestantes" para fazer ato anti-Cuba em SP


Na véspera da audiência pública do chanceler Celso Amorim na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre a política externa brasileira, no último dia 6 de abril, o Consulado Cubano e os órgãos de imprensa receberam um release da União Geral dos Trabalhadores (UGT), anunciando que iriam organizar um ato de suposta “solidariedade ao povo cubano”, em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo.

Por Valério Paiva, na Caros Amigos
A convocatória da manifestação organizada pela UGT, que foi repercutida favoravelmente no site da revista Veja, indicava que se tratava de um apoio direitista ao movimento das chamadas “Damas de Branco”, incentivado pela comunidade “gusana” em Miami.

Em menos de 24 horas, várias entidades se articularam junto ao Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba e convocaram um ato de defesa do povo cubano contra a manifestação da UGT. Mesmo com a surpresa e a dificuldade de mobilização, em pouco tempo, na manhã de quarta-feira (7), cerca de 150 ativistas de inúmeras organizações e movimentos sociais se colocaram na calçada em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo, em Perdizes.

Em solidariedade à ilha socialista, estavam presentes representações de diversos partidos e organizações da esquerda, de apoiadores explícitos aos mais críticos ao regime do Partido Comunista Cubano, como o PSOL, PCB, PT, PCdoB, Liga Estratégia Revolucionária, PCR, Consulta Popular e PCML, alem da CUT, Intersindical, CTB, Uneafro, MST e vários ativistas dos direitos humanos, como o vereador Jamil Murad (PCdoB), o advogado Aton Fon Filho e representantes do mandato do deputado estadual Raul Marcelo (PSOL).

Ato factóide

A UGT chegou logo depois, com pouco mais de 300 pessoas ligadas aos sindicatos dos Comerciários e dos Padeiros de São Paulo. Com exceção dos líderes, ninguém ali sabia os motivos do ato. Manifestantes pagos, que estariam recebendo entre R$ 50 (as mulheres) e R$ 100 (os homens) não escondiam que estavam ali “trabalhando”. Alguns chegavam a falar frases como “não estou nem aí para Cuba e, sim, para o meu bolso”.

As mulheres estavam vestidas com as camisetas brancas distribuídas pela UGT, e seguravam uma rosa vermelha representando as “Mulheres de Branco”. E os homens, conhecidos como “bate-paus”, vieram para fazer provocações, criar tumulto e agredir os defensores de Cuba, que estavam no outro lado da rua, na calçada do Consulado.

A Policia Militar interveio para garantir a integridade do corpo consular, usando muitas vezes a força para separar os bate-paus que tentavam atravessar a rua, invadir a calçada do Consulado e agredir os ativistas defensores de Cuba. Gás pimenta chegou a ser usado pela força policial, enquanto fechava o trânsito da residencial Cardoso de Almeida, provocando trânsito na região.

O comerciante Ricardo Patah, presidente da UGT, e Canindé Pegado, secretário geral dessa central, e o presidente do Sindicato dos Padeiros Chiquinho Pereira, ordenavam que os “manifestantes de aluguel” provocassem e atacassem os ativistas pró-Cuba.

Enquanto ocorria o ato durante a manhã, a assessoria de imprensa da UGT se apressava a espalhar nota à imprensa dizendo que um ato pacífico ocorria sem nenhum tumulto no consulado cubano. Por volta do meio-dia, o ato terminou como se fosse o final de algum expediente, com a explícita distribuição do pagamento aos contratados na frente de todo mundo, com direito à exibição de notas por parte de alguns dos supostos "manifestantes”.

Com o fim da manifestação antirrevolução cubana, o cônsul de Cuba em São Paulo, Carlos Trejo, abriu as portas do consulado para os ativistas, que foram recepcionados pelos funcionários do corpo consular e saudados pelos representantes da República de Cuba.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A mídia e suas damas contra Cuba

Havana: o povo defende sua Revolução


Por João Felício e Rosane Bertotti*, no Portal do Mundo do Trabalho

Na ânsia por virar a página da pré-história da Humanidade, há homens e mulheres que têm se dedicado a fortalecer os laços de solidariedade, coletivismo, justiça e amizade, dando o melhor de si para construir relações mais harmoniosas de convivência entre países e povos.

Na linha de frente dessa caminhada, há um país e um povo que têm se esmerado por fazer valer este compromisso, conduzindo a bandeira da liberdade, da igualdade e da fraternidade com invulgar determinação. Em que pesem as tremendas atrocidades a que ambos – país e povo – vêm sendo vitimados pela – ainda – principal potência do planeta e seu bloqueio criminoso, Cuba exibe as mais altas taxas de educação, saúde e segurança pública do planeta.

Desde a revolução de 1º de janeiro de 1959, o povo cubano tem dado mostras de sua lealdade aos princípios, de sua inflexão frente à injustiça e de seu compromisso com a verdade. O que não quer dizer, obviamente, infalibilidade nem algo que se aproxime de uma “sociedade perfeita”. Como toda obra humana, a revolução cubana tem suas imperfeições e são os próprios cubanos, na busca incessante pela superação, os mais críticos e autocríticos.

Para não nos estender, lembramos dos milhares de cubanos que entregaram generosamente sua vida no combate ao apartheid, lutando ombro a ombro com as tropas angolanas contra os racistas sul-africanos; dos milhares de médicos que, superando os profissionais das próprias Nações Unidas, brindam generosamente seu apoio em todos os rincões do planeta, inclusive no Brasil; do atendimento gratuito a dezenas de milhares de vítimas da tragédia de Chernobyl; dos professores que ajudaram a fazer da Bolívia e da Venezuela, assim como a própria Ilha Caribenha, territórios livres do analfabetismo; sem falar nas dezenas de milhares de alunos que acolhem dos países mais pobres da América – inclusive dos próprios EUA – que se formaram nas universidades cubanas em medicina e outras profissões essenciais para a defesa da vida.

A mesma mídia que desconhece tais feitos de um processo tão generoso, agora tem a pretensão de transformar o boato em fato ao promover criminosos comuns a presos políticos. Sem medidas para o seu achincalhe, os donos dos meios de comunicação utilizam-se da própria figura heróica das Mães da Praça de Maio, que combateram o bom combate contra a ditadura argentina, para, através das “Damas de Branco”, fazer um arremedo de “lutadoras pela liberdade”.

Sem o menor descaramento, tais figuras, comprovadamente a soldo de governos estrangeiros, vêm sendo patrocinadas diretamente pela embaixada norte-americana, que tem inclusive participado com pessoal diplomático de tais ações de solidariedade aos seus agentes. A despeito de toda essa ajuda imperialista e de jornalistas-satélites, essa “oposição” não consegue reunir sequer mais que uma dezena em suas manifestações públicas.

No território cubano não existem presos políticos, torturas nem assassinatos, pois foi contra esta barbárie que a revolução se fez e se consolidou. Os que existem e eles são muitos, estão todos localizados na Base de Guantánamo, ocupada militarmente há mais de um século pelo governo dos Estados Unidos. Alguns dos instrumentos utilizados nas masmorras para o escárnio podem ser vistos no Museu da Revolução, em Havana, que os exibe como prova de um tempo que não voltará, jamais. Assim como os mendigos pertencem a um lugar do passado, os milhões de cubanos só tomaram conhecimento de tamanhas atrocidades pelos livros didáticos.

Em Cuba, evidentemente, existem problemas, mas não estão no terreno dos direitos humanos, nem da tão propalada – e tão pouca praticada nos nossos países – liberdade de expressão. A chiadeira dos donos da mídia no Brasil contra a Conferência Nacional de Comunicação é prova disso.

Mas voltando à Ilha, é bom lembrar o grande poeta e herói da independência de Cuba, José Martí: “Os homens não podem ser mais perfeitos que o sol. O sol queima com a mesma luz que esquenta. O sol tem manchas. Os ingratos não falam mais que das manchas. Os agradecidos falam da luz”.

* João Felício é secretário de Relações Internacionais da CUT; Rosane Bertotti é secretária de Comunicação da CUT


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ato em resposta à UGT reúne 200 em solidariedade a Cuba



Cerca de 200 manifestantes, entre os quais militantes históricos do movimento de solidaridade a Cuba, como o vereador Jamil Murad (PCdoB), participaram nesta quarta-feira (7/4) de ato em apoio à revolução cubana realizado em frente ao consulado do país, em São Paulo (SP). O ato foi uma resposta à atividade organizada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) em ataque a Cuba.
Concentrados em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo, os manifestantes empunharam enorme bandeira cubana, gritaram palavras de ordem a favor da ilha caribenha e contra as ofensivas destinadas a atacá-la, envolvidos por canções revolucionárias.

O integrante da Secretaria de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT) Max Altman conta que o ato foi organizado para dar uma resposta contundente àqueles que pretendem agredir a revolução cubana, me alusão à atividade da UGT.

UGT e as Damas de Branco

Um pequeno grupo da direitista União Geral dos Trabalhadores do Brasil (UGT) tratou de somar-se à atual ofensiva contra Cuba, orquestrada desde os principais centros de poder na Europa e Estados Unidos, mas – apontou Altman – os que são a favor do povo e governo cubanos no Brasil são muito mais numerosos. As ações internacionais se concentram em valorizar um pequeno grupo de cubanos chamado de "Damas de Branco", supostamente mães e esposas de alguns dos 75 dissidentes presos na repressão de 18 de março de 2003, se comprometeram a protestar todos os dias nesta semana, com o objetivo, dizem elas, de "chamar a atenção internacional ao problema dos presos políticos em Cuba", conforme reportagem da Agência Estado.

Para o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Abreu, um dos organizadores do ato em solidariedade a Cuba e ao governo cubano, a UGT erra ao chamar a sua atividade de "ato em solidariedade ao povo cubano". "A maioria esmagadora do povo cubano apoia a revolução e não está a favor das Damas de Branco, que representam uma minoria pouco expressiva. O povo cubano combate é o terrorismo de Estado implementado pelos Estados Unidos, assim como o seu bloqueio econômico criminoso. Nós sim é que fomos apoiar o povo cubano e defender o consulado de seu país, não a UGT", defendeu Ricardo Abreu.

“Este ato de apoio à revolução cubana é uma pequena recompensa a essa imensa solidaridade do povo e governo da ilha caribena com os mais humildes deste planeta”, ressaltou o Max Altman.

Militantes históricos

Entre os manifestantes também se encontram lutadores históricos contra a ditadura militar em Brasil (1964-1985) e militantes do movimento de solidaridade a Cuba como a educadora Elza Lobo e o vereador Jamil Murad (PCdoB).

Elza bradou: "não posso permitir que estes novos fascistas queiram atacar Cuba e a sua revolução", em alusão ao reduzido número de representantes da direita brasileira que desejam somar-se à atual ofensiva contrarrevolucionária mundial.

Participaram também do ato de solidariedade membros do Movimento Paulista de Solidaridade a Cuba, da Associação de Cubanos Residentes no Brasil (Ancreb), capítulo São Paulo, da Marcha Mundial de Mulheres, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Parlamentares e dirigentes de partidos políticos também se somaram ao ato, sendo eles o PT, o PSol, o PCdoB, o Partido Comunista Marxista-Leninista, e o Partido Comunista Revolucionário, entre outras agrupações progressistas e solidárias a Cuba.

De São Paulo, Luana Bonone, com Prensa Latina

domingo, 4 de abril de 2010

Governo brasileiro não se alinha à hipócrita campanha anticubana

Por Hideyo Saito*

17/03/2010

Em vez de pressionar para que o governo brasileiro se some à atual campanha anticubana, como sempre capitaneada pelas agências oligopólicas de notícias, as boas almas que se manifestaram pela democratização de Cuba têm o dever moral de exigir o fim da política de agressão dos EUA contra Cuba. Do contrário, sua posição, apresentada como democrática, se revelará escandalosamente desonesta e hipócrita. Cessada a agressão e desanuviado o ambiente internacional, o próprio povo cubano poderá decidir, sem pressões externas, como será o seu modelo de democracia, conforme parecem indicar os debates já em curso no país, com grande participação popular.

Os chamados dissidentes cubanos receberam forte apoio da oposição brasileira e da mídia dominante local, em seu empenho para constranger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se manifestar publicamente contra o governo de Havana. Na famosa entrevista à Associated Press, usada como pretexto para a pancadaria, o presidente brasileiro trouxe à baila um episódio de morte em uma greve de fome coletiva de prisioneiros do Exército Republicano Irlandês (IRA), durante o governo de Margareth Thatcher, em março de 1981. “Eu vejo muita gente que hoje critica o governo cubano por causa da morte, [e que] não falava nada da morte do IRA”, cobrou Lula. Esse trecho foi convenientemente omitido pela mídia dominante, para deixar o caminho livre para a atual campanha.

Na compacta barreira de desinformação que se orquestrou, as palavras-chave usadas têm sido: luta pela liberdade, dissidentes heróicos, masmorras cubanas, presos de consciência, tirania insensível, cumplicidade de Lula. Os atores brasileiros do drama (jornalistas locais, enviados especiais, colunistas, comentaristas convidados, políticos) repetem em uníssono o noticiário difundido por agências oligopólicas de notícias, como a citada AP, a France Press e a Efe, e por órgãos como a Voz da América, do governo dos Estados Unidos. No jornal O Estado de S. Paulo, a sanha tem sido tamanha, que até colunista de assuntos econômicos, caso de Rolf Kuntz, e articulista convidado, como Eugenio Bucci, reforçaram o festival de acusações em termos praticamente idênticos aos do famoso extremista de direita Carlos Alberto Montaner. O Senado brasileiro aprovou moção de solidariedade aos “presos políticos”, em que também não faltaram críticas ao presidente Lula.

Nenhuma dessas boas almas, contudo, se preocupou em “checar” a notícia original ou qualquer de seus pormenores, cotejando-os com dados de outras fontes, ainda que fosse para complementar alguma informação. Se alguém o fizesse, poderia ter sabido que nenhum dos dois grevistas (Orlando Zapata Tamayo, que faleceu em 23 de fevereiro, e Guillermo Fariñas Hernández, que estava em estado crítico em um hospital cubano no final da segunda semana de março) foi condenado por atividades políticas, mas por delitos como furto, invasão de domicílio e agressões físicas, conforme registros judiciais cubanos. Ficaria informado também de que os presos por atividades políticas, cuja libertação é reivindicada por Fariñas, são os remanescentes do processo de 2003, quando 75 opositores foram condenados por receberem dinheiro do Escritório de Representação dos Estados Unidos em Havana para participar de atividades contra o governo revolucionário (e não, como diz a campanha-padrão contra Cuba, por se oporem ao regime).

Poderia confirmar ainda que o julgamento dos 75 foi realizado em tribunais regulares, em sessões públicas, com base em leis pré-existentes e assegurado o pleno direito de defesa e de apelação. O governo cubano divulgou, na ocasião, provas documentais sobre a relação que os acusados mantinham com representantes do governo estadunidense. É uma relação passível de incriminação penal em qualquer país do mundo. Em todo caso, cerca de 20 deles foram, desde então, libertados pelo governo por problema de saúde, obedecendo às 95 regras de tratamento carcerário humanitário, estabelecidas pela ONU.

Preso duas vezes por agressão

De acordo com a ficha corrida de Guillermo Fariñas Hernández, em 1995 ele espancou uma mulher na instituição de saúde onde trabalhava como psicólogo, causando-lhe ferimentos múltiplos no rosto e nos braços. Sofreu pena de três anos de prisão sem internamento (por sua primariedade), além de multa de 600 pesos. Em 2002, atacou um ancião com um bastão na cidade de Santa Clara, onde reside. A vítima teve de ser operada para extirpação do baçoe o agressor foi condenado a 5 anos e 10 meses de prisão (Causa 569/2002, do Tribunal Popular Provincial de Villa Clara). Por essa época, ele começou a utilizar o recurso da greve de fome para obter vantagens, como televisor em sua cela, tendo dessa forma atraído a atenção dos grupos contrarrevolucionários, aos quais aderiu em seguida. Em dezembro de 2003, devido à sua saúde fragilizada pela sucessão de greves, recebeu uma licença extra-penal com base no código cubano. Fora da cadeia, passou a colaborar com a Rádio Martí e a receber dinheiro regularmente da já mencionada representação dos EUA em Havana. Em 2006, voltou a se declarar em greve de fome, para reivindicar acesso domiciliar à internet.

Na atual greve, Fariñas Hernández recusou toda oferta oficial para tratamento de sua saúde, obstinando-se em dizer que irá até o fim. Da mesma forma, rejeitou oferta de asilo na Espanha, feita com a anuência de Havana. Por isso, a intervenção médica cubana só pôde acontecer quando o manifestante entrou em estado de choque, na noite de quinta-feira, 11 de março, em estado gravíssimo, como no caso de Orlando Zapata Tamayo, que viria a falecer. Eis o que divulgaram as agências France Press, Efe e Reuters sobre esse momento, conforme publicado no Estado de S. Paulo : “Momentos antes de Fariñas desmaiar, um grupo de médicos do sistema de saúde pública de Cuba visitou o dissidente e pediu que ele concordasse em ir, de ambulância, até uma clínica para que fizesse um check-up profissional. O opositor, porém, agradeceu ‘o profissionalismo e a humanidade’ dos médicos, mas insistiu em fazer os exames em sua casa. Os médicos aceitaram as condições e coletaram amostras no local, mas saíram antes de Fariñas desmaiar”.

As vantagens de ser dissidente cubano

Orlando Zapata Tamayo também jamais havia sido seguidamente condenado por atividade política, embora esteja sendo apresentado agora como mártir da luta pela liberdade. Ele só começou a adotar um “perfil político” quando percebeu que, na situação particularíssima de Cuba, isso poderia ser vantajoso por causa do farto dinheiro distribuído pelos Estados Unidos aos que se declaram dissidentes no país. Antes havia cumprido pena por “violação de domicílio” (1993), “furto e agressão com arma branca” (2000) e “perturbação da ordem pública” (2002). Em 2003, chegou a ser solto, mas voltou à cadeia por reincidência. Por isso, não figurou na relação de “prisioneiros políticos” elaborada em 2003 pela antiga Comissão de Direitos Humanos da ONU, com a intenção de condenar Cuba por violação aos direitos humanos.

Aquela mesma boa alma curiosa poderia igualmente notar, na campanha em curso, que apesar da insistência na denúncia de que os “presos de consciência” cubanos foram encarcerados simplesmente por serem contra o governo, o noticiário correspondente é abundante em declarações de opositores que vivem em Cuba, como Manuel Cuesta Morúa, René Gómez Manzano, Elizárdo Sánchez, Osvaldo Payá Sardinãs e outros. Eles são contra o governo, dão entrevistas para a imprensa internacional recheadas de críticas, mas não estão presos! Há algo errado nessa denúncia, portanto. O próprio Fariñas, aliás, estava em casa antes de ser internado e lá recebia diariamente jornalistas estrangeiros.

Anistia Internacional: as situações em Cuba, nos EUA e na Europa

Sobre o suposto caráter ditatorial do regime vigente em Cuba, é interessante ainda comparar o que diz o relatório “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo 2008”, da Anistia Internacional (entidade nada amistosa com o governo cubano), sobre a situação naquele país, nos Estados Unidos e na Europa. O documento acusa o governo cubano de restringir as liberdades de expressão, de associação e de circulação, fala nos “presos de consciência” remanescentes do grupo dos 75 e registra incidentes em que teria havido “fustigamento e intimidação” de dissidentes. Mas não menciona um só caso de sequestro ou desaparecimento de opositores, nem tortura ou morte de prisioneiros em dependências carcerárias. Da mesma forma, não fala em repressão policial, nem em execução extrajudicial em Cuba.

Esse mesmo documento da Anistia Internacional, em contrapartida, denuncia os EUA por prática sistemática da tortura conhecida como waterboarding (simulação de asfixia), detenções e interrogatórios secretos e desaparecimento de suspeitos. Acusa ainda Washington de manter milhares de detidos, muitos “há mais de seis anos”, em Guantánamo, em Bagram e no Iraque, sem acusação nem julgamento. Sobre os governos europeus, o relatório da Anistia declara: “Em 2007 surgiram novas evidências de que diversos Estados-membros da União Europeia foram coniventes com a CIA no sequestro, na detenção secreta e na transferência ilegal de prisioneiros para países em que foram torturados ou sofreram maus tratos”.

Ora, a atual campanha contra o governo cubano se origina de forças políticas que admiram as democracias vigentes na União Europeia e nos Estados Unidos, considerando-as modelos a serem copiados por todo o mundo (inclusive Cuba). Deveriam, portanto, preocupar-se também com o estado dessa própria democracia e dos direitos humanos nesses países, em vez de gastarem todo o gás em sua fúria contra Cuba. Que tal uma campanhazinha para combater a pouca vergonha denunciada pela Anistia Internacional nos EUA e na União Europeia?

As múltiplas e insistentes agressões contra Cuba

O governo brasileiro foi irrepreensível ao se recusar a figurar nessa (má) companhia, apesar das pressões. A esclarecedora declaração do chanceler Celso Amorim sobre a posição brasileira ficou quase perdida em meio à histeria oposicionista. “Uma coisa é defender a democracia, os direitos humanos e à livre expressão, como fazemos. Outra coisa é sair dando apoio a tudo quanto é dissidente no mundo. Quando você tem de falar alguma coisa [a um governo estrangeiro], você fala de outra forma, discretamente, não pela mídia”, declarou. O chanceler brasileiro disse, em outras palavras, o que Lula já havia declarado em sua primeira visita a Cuba como presidente, em setembro de 2003: que não se somaria às pressões permanentes de setores direitistas contra o governo de Havana, falando publicamente sobre assuntos internos de um país amigo.

Mas a frase mais significativa de Amorim, nessa questão, foi a seguinte: “Se alguém está interessado em uma evolução política em Cuba, eu tenho a receita rápida: acabe com o embargo. Isso vai trazer grandes mudanças em Cuba”. Ele se referia ao bloqueio unilateral que os Estados Unidos mantêm contra o país desde 1962, como parte de uma ampla política de hostilidade, que inclui ainda a transmissão, a território cubano, de propaganda contra a revolução cubana através da Rádio e TV Martí (ao arrepio do código da União Internacional de Telecomunicações), o fornecimento de recursos financeiros à oposição interna, o incentivo à emigração de cubanos para os EUA e outras medidas intervencionistas. O próprio bloqueio não se resume a impedir Cuba de comprar e vender no mercado estadunidense. Compreende ainda a proibição de comerciar com filiais de companhias estadunidenses no mundo todo, assim como com empresas que tenham capital acionário ou usem tecnologia e componentes daquele país em sua produção. Significa igualmente o fechamento do mercado dos EUA a qualquer parceiro comercial de Cuba, de qualquer país, inclusive a bancos e a navios mercantes. Por força dessa mesma política, aplicada apesar da condenação de praticamente todos os países representados na ONU, cientistas cubanos costumam ser excluídos de congressos internacionais e de pesquisas conjuntas e o próprio país não consegue se filiar a algumas organizações internacionais.

Essa política, por mais inacreditável que pareça, é respaldada pela lei Helms-Burton, aprovada pelo Congresso dos EUA em 1996. Arrogantemente intitulada Lei para a Liberdade e a Solidariedade Democrática em Cuba, ela autoriza o presidente dos EUA a “proporcionar assistência e a oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não-governamentais independentes para apoiar esforços com o objetivo de construir uma democracia em Cuba”. Estabelece ainda como devem ser as eleições sob um governo “democrático e independente”, chegando a vetar a participação dos atuais líderes cubanos, especialmente Fidel e Raúl Castro! Os tão ardorosos defensores da democracia em Cuba, que se revelaram de corpo inteiro nessa campanha, têm o dever moral de denunciar essa política imperialista de agressão e exigir o seu fim, como tem feito o governo brasileiro. Do contrário, sua posição, que apresentam como democrática, se mostrará escandalosamente desonesta e hipócrita.

Cessada a agressão e desanuviado o ambiente internacional, o próprio povo cubano poderá decidir, sem pressões externas, como será o seu modelo de democracia, conforme parecem indicar os debates já em curso no país, com grande participação popular.

* Hideyo Saito é jornalista
Fonte: Carta Maior




quinta-feira, 1 de abril de 2010

Golpe do 1º de abril

SOUCUBA

Há 46 anos o Brasil acordava com um Golpe de Estado. Era um golpe militar, mas não apenas militar. Setores importantes da sociedade civil se uniram aos militares e à embaixada americana para preparar e organizar o golpe contra o governo civil e democrático do Presidente João Goulart.

Os golpistas tiveram o apoio explícito de importantes setores da política nacional (sobretudo da conservadora UDN), de setores da Igreja Católica, dos grandes jornais brasileiros e de uma importante parcela da classe média que dias antes do golpe reuniu alguns milhares de pessoas nas ruas do Rio de Janeiro a clamar pela derrubada da democracia.

Veio a ditadura com seu séquito de mazelas: as cassações, a extinção dos partidos políticos, a censura, as prisões arbitrárias, as intervenções nos sindicatos, os assassinatos e as torturas contra todos aqueles que ousavam desafiar a ilegal ordem estabelecida.

Graças à luta do povo a ditadura foi progressivamente vencida e em 1979 o país dava seus primeiros sinais de reconquista da democracia com a Lei da Anistia. Em 1984 com o grande movimento das Diretas Já (que a Rede Globo escondia) e a eleição de Tancredo Neves o regime militar foi derrotado e em 1988 foi definitivamente sepultado quando, através de uma Constituinte, foi escrita uma Constituição democrática para o país.

Muitos dos que foram perseguidos pela ditadura em nosso país encontraram em Cuba e no seu povo um porto seguro para continuar suas vidas e para retomar a luta pela democracia no Brasil.

Hoje, contudo, muitos dos que estiveram ao lado da ditadura que matava e torturava pessoas indefesas - até mesmo crianças – exigem telefone, televisão e fogão nas celas dos presos comuns de Cuba, país que jamais aceitou a tortura como método de interrogatório ou meio de punição.

Com que moral os deputados do DEM e o jornal da “ditabranda” podem exigir direitos humanos de quem quer seja se ajudaram a pisoteá-los em seu próprio país?

Drª Aleida Guevara, filha do Che, na Bahia




Por Maisa Paranhos

Com firmeza e sem perder a ternura, Aleida Guevara, médica, filha do revolucionário argentino/cubano, Ernesto Che Guevara, veio ao Brasil, convidada para a inauguração de um hospital em Sergipe que leva o nome de seu pai. Aleida discursou para uma platéia atenta e receptiva que lotou o auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA em Salvador, BA. Telões tiveram que ser adicionados em dois andares.

A presença de estudantes universitários e de Ensino Médio, militantes, jornalistas, professores, advogados, educadores e cineastas marcou o encontro onde a Drª Aleida, cujo tema inicial da palestra, foi a integração latino-americana, transitou por variados pontos referentes à Cuba. Acostumados a informações peneiradas pela grande mídia, o público sorvia as palavras da filha do revolucionário e por vezes, se emocionava, e ora gargalhava diante daquela que, carinhosa e francamente, desenvolvia cada uma das questões colocadas por gente ávida de informações.

Uma Cuba, diferente, foi surgindo daquela que estamos acostumados a ver na grande imprensa e aspectos da Revolução Cubana foram esclarecidos, tal como as eleições em Cuba, por muitos, ignoradas. Atentou Aleida para a importância da integração e autonomia latino-americanas e para as nada inocentes bases militares implantadas pelos EUA na Colômbia.  Chamou a atenção para a importância do principal recurso natural para a humanidade e sem o qual, o Homem não sobrevive, a água, objeto farejado, além do petróleo, pelos EUA na Venezuela.

Ressaltou a importância da juventude em qualquer processo de transformação, pois livres de condicionamentos, os jovens são portadores de um honesto espírito crítico. Esclareceu sobre o embargo econômico sistemático que os EUA fazem há cinqüenta e um anos à Ilha, trazendo sérios danos que atentam aos direitos humanos da população cubana.
Respondeu com tranqüilidade a respeito das greves de fome e alertou os presentes para uma leitura apurada sobre tudo o que se diz e se escreve a respeito de Cuba .

Relatando a presença de médicos cubanos em vários países do mundo, permitiu aos presentes terem uma dimensão da cultura de solidariedade, fruto da Revolução.

Enfim, Salvador teve a oportunidade de, com o exemplo vivo da filha do Che, a Drª Aleida, resgatar valores humanos que apontam ser possível um mundo melhor.

Publicado originalmente no jornal A Tarde, de Salvador

Orlando Zapata Tamayo, Cuba e os Meios

Nesses cinco presos a imprensa não fala. Por quê?




por Moacir Pereira da Silva

Se você é dos medianamente inteligentes e informados, já deve haver percebido que, quando se trata de Cuba, é quase impossível, em qualquer parte do mundo, aceder a notícias verazes e não manipuladas, e que tudo o que aparece nos grandes meios de comunicação responde a uma linha editorial precisa, ideologicamente orientada a favor dos interesses de classe dos acionistas das corporações que atualmente controlam as principais agências informativas do mundo. Hoje o cidadão está obrigado – se não quer ser enganado e estar desinformado – a investigar por conta própria a autenticidade das informações que circulam, suas orientações político-ideológicas, e buscar alternativas informativas alheias aos meios tradicionais que nos possibilitem ao menos confrontar versões distintas e tirar nossas próprias conclusões.

O tema que nos ocupa é o caso do prisioneiro cubano falecido recentemente produto de uma greve de fome, que tem saído diariamente em quase todos os grandes meios de comunicação ocidentais como mais um prisioneiro político vítima do regime. Uma enorme campanha mediática foi ativada contra Cuba – nada novo! –, enquanto os problemas que afetam os interesses dessa classe dominante e do imperialismo são maliciosamente silenciados: falo das guerras no Iraque, Afeganistão, Paquistão; da crise do sistema capitalista global (alimentícia, energética, climática, social, econômica); do fracasso da Cúpula de Copenhague sobre a Mudança Climática e o incremento do nível de violência, pobreza e desemprego no mundo, para apenas citar alguns. Para os medianamente informados, só o fato de que um tema específico ganhe espaço dentro do complexo processo editorial desses grandes meios, cujos donos são as mesmas ricas e influentes famílias “tradicionais”, seria suficiente para intuir que lhes são favoráveis, ou passam por um processo de reciclagem e são acomodados a seus interesses quando não o são.

Mas se você é ainda dos que acreditam nos grandes meios, na sua imparcialidade e profissionalismo, e continua vendo Cuba como o país-violador-dos-direitos-humanos por excelência, vejamos os fatos.

O nome do cubano recentemente falecido (assassinado pelo governo dos Estados Unidos, como ficará demonstrado com os argumentos adiante) era Orlando Zapata Tamayo. Tratava-se de um indivíduo preso por crimes comuns que dentro da cadeia começou a relacionar-se com elementos contra-revolucionários (mercenários que recebem dinheiro de uma potência estrangeira para subverter a ordem interna do país) e foi convencido por eles a iniciar uma greve de fome exigindo televisão e telefone em sua cela, qual fosse um verdadeiro prisioneiro político. Permaneceu mais de 80 dias sem ingerir alimento voluntariamente – desde dezembro de 2009 –, apesar das insistências de familiares, médicos e psicólogos que o visitavam frequentemente, e encontrou a morte em fevereiro do presente ano, depois de passar pelas Unidades de Cuidados Intensivos dos melhores hospitais da Ilha.

As principais manchetes afirmavam: “Morre mais um prisioneiro político em Cuba”; “Cismaram com ele porque era negro”; “Preso político morre sem receber cuidados médicos”. Uma gigantesca campanha desatou-se e o assunto ganhou capa nos “mais importantes” meios de comunicação do ocidente. Por quê? Por que a morte de um preso em Cuba invade os canais de televisão, revistas e jornais do mundo? Por que é tão importante falar diariamente sobre Cuba – se existem tantos outros problemas de vital urgência para a humanidade – e reiterar as impressões negativas sobre essa “odiosa ilha caribenha”, que insiste em ser diferente?

Desde os Pais Fundadores, já falava-se de uma anexação natural de Cuba ao território das Treze Colônias. O mesmo Thomas Jefferson, em escritos pouco conhecidos, pelo ano 1805, defendia o justo e divino direito dessa nação de possuir essa cobiçada ilha, tão importante para a consolidação desse grandioso país como potência mundial. E assim foi. Empurrados pelo Destino Manifesto e a Doutrina Monroe, o pujante império nascente inaugurou-se com a intervenção na guerra hispano-cubana em 1898, e por meio da força conseguiu convertê-la em colônia com a imposição da Emenda Platt à sua novel constituição, que lhe concedia o privilégio legal de intervir militarmente sempre que achasse necessário, montar bases militares, etc. Até que em 1959 os Rebeldes da Serra Maestra liderados por Fidel Castro venceram a guerra contra a ditadura bastiniana sustentada pelos yankees, e culminou o processo de independência iniciado em 1868 com o Grito de Yara, dando fim a um período de mais de 60 anos como possessão colonial do Estados Unidos, que jamais aceitaram que seu pátio traseiro por excelência – ilha de diversão onde vinham a esbanjar em cassinos e praias em companhia de formosas prostituas crioulas – se convertesse numa nação independente e soberana.

Por isso, no dia 17 de março de 1960 – 13 meses antes da declaração do caráter socialista da Revolução de 59, que só aconteceu em abril de 1961 quando a invasão mercenária de Girón –, há exatamente 50 anos, o presidente Dwigth Eisenhower assinou uma Ordem Executiva conhecida como “Programa de Ação Encoberta contra o Regime de Castro”, que, entre outras muitas coisas, ordenava a criação de uma organização integrada pelos remanescentes da ditadura bastiniana exilados no Estados Unidos para dar cobertura às atividades da CIA contra a recém triunfante Revolução, que tanto afetava os interesses econômicos e estratégicos dessa nação; paralelamente colocava à disposição desses planos todo o aparelho militar e de espionagem norte-americano com o fim imediato de organizar uma força para-militar que chegasse clandestinamente à Cuba, com o propósito de treinar e dirigir grupos terroristas. Documentos desclassificados pelo Arquivo de Segurança Nacional do Estados Unidos revelam que tal ordem incluía iniciar uma ofensiva propagandística internacional e criar no interior da Ilha grupos clandestinos que lhes subministrasse informação de inteligência. Era uma verdadeira declaração unilateral de guerra, como posteriormente reconheceu em suas memórias o general Eisenhower: “No dia 17 de março de 1960 ordenei à Agência Central de Inteligência que começasse a organizar o treinamento dos exilados cubanos, principalmente na Guatemala (...) Outra idéia foi que começássemos a construir uma força anti-castrista em Cuba. Alguns pensaram em colocar a Ilha em quarentena (ou seja, bloqueio) argumentando que se a economia decaía, os mesmos cubanos derrotariam Castro”.

Meio século depois, apesar dos exorbitantes recursos e das variadas estratégias derivadas de dita Ordem, a ilha continua impacientemente resistindo soberana. Nem a invasão mercenária por Playa Girón, a Operação Mangosta, as guerras biológicas e a imposição unilateral de um Bloqueio Econômico, Comercial, Financeiro e Mediático contra a Ilha; nem a criação de uma Rádio na ilha Swan – ao sul de Cuba – nos anos 60 para transmitir propaganda subversiva dentro da Ilha e posteriormente o estabelecimento das mal chamadas Rádio e TV Martí – controladas pela máfia anti-cubana de Miami (da qual logo falaremos) –, com idêntico propósito; nem o estímulo ao surgimento de infinitos grupos terroristas nesse território (Fundação Cubano-americana, Alpha 66, Hermanos al Rescate...) e o financiamento direto a essas organizações e outras surgidas dentro de Cuba, como os famosos “dissidentes” – que atuam segundo as ordens recebidas diretamente da Oficina de Interesses do Estados Unidos em Havana –, foram suficientes para reconquistar Cuba, ainda que hajam acarretado milhares de mortes, incalculável sofrimento, severas limitações econômicas e a construção de uma Cuba no imaginário coletivo internacional que dista abismalmente da realidade.

Outros dois elementos fizeram com que a problemática cubana se tornasse ainda mais complexa com o passar do tempo: a Ilha converteu-se, não só em exemplo de independência e progresso humano num continente pobre que havia sido declarado “dos Americanos”, más também em exemplo de sociedade alternativa ao capitalismo, avançada e de solidariedade, que com soberbia havia se declarado Socialista sob os próprios narizes do império; e a comunidade cubana de exilados e os grupos terroristas criados para realizarem o trabalho sujo de suas agências de inteligência alcançaram um poder incontrolável.

Essa comunidade cubana exilada – principalmente em Miami – pela Revolução triunfante de 59 (entenda-se a burguesia recalcitrante da Ilha, gângsteres e máfias ligadas a cassinos, armas e drogas, e os que participavam diretamente dos diferentes aparelhos repressivos do regime bastiniano fundamentalmente) e os grupos terroristas surgidos nesse território foram acumulando cada vez mais poder dentro desse país, até converter-se em parte integrante do sistema político e militar do Estados Unidos e em reserva por antonomásia de mercenários para os serviços sujos e encobertos da CIA em todo o continente: Operação Condor, golpe de estado no Chile, Venezuela, intervenção militar na República Dominicana... Essa máfia anti-cubana, que atualmente conta com vários congressistas federais e um poderoso lobby político, também recebe milhões de dólares de financiamento direto do governo do Estados Unidos, para pagar-lhes os favores e estimular a implantação de uma “democracia pluralista” em Cuba. Dessa forma, a contra-revolução em Cuba se convertia num verdadeiro negócio. Só para o ano 2010, o Congresso do Estados Unidos aprovou a soma de 20 milhões de dólares para financiar a tão almejada transição de regime em Cuba através da USAID, sob protesto dessa máfia que exige pelo menos 40. Ninguém quer ficar de fora da festa patrocinada com o dinheiro do contribuinte estadunidense, nem mesmo os gusanos de dentro da ilha! São esses elementos mafiosos os que realmente determinam a política exterior dos Estados Unidos da América em relação à Ilha. Cada vez que os diferentes presidentes de turno na Casa Branca tentaram ensaiar uma aproximação a Cuba, aparece a poderosa máfia anti-cubana, monta um pretexto e começa uma grande campanha mediática internacional de descrédito para exercer pressão e justificar a permanência absurda dessa política genocida, que anualmente é condenada pela Assembléia Geral da ONU.

Tudo se mistura e faz crescer o bolo da complexidade para entender o que há de errado com Cuba e porque a oligarquia ocidental tanto a ataca: os donos de ontem, rancorosos pelo que perderam, ainda sonham com voltar à paradisíaca Ilha e ocupar suas antigas propriedades; nem a poderosa máfia anti-cubana, nem os mercenários de dentro da Ilha querem deixar de receber tal financiamento milionário por parte do governo imperial; cada candidato ao trono deve agradar essa máfia anti-cubana, mostrando ser linha dura frente ao tema Cuba, se deseja o voto transcendental da Flórida para ocupar a Casa Branca; e em definitiva, Cuba Socialista é o exemplo mais maligno para o sistema-mundo capitalista globalizado atual.

A recente campanha mediática acerca do preso falecido só faz parte de toda essa estratégia montada há 50 anos para estimular a contra-revolução, sobre dimensionar e distorcer os fatos e a realidade da Ilha, usando toda a maquinaria imperial para desacreditar, isolar e destruir o malévolo exemplo de Cuba, e assim reconquistá-la.

Quem não lembra o caso de Armando Valladares, um suposto prisioneiro de consciência da década de 80, que foi fabricado para o mundo como um “poeta paralítico” perseguido político pelo regime comunista da Ilha. Montaram um verdadeiro show em todos os grandes meios, houve protesto dos intelectuais e governos do mundo, etc, blá, blá; veio inclusive Regis Debray enviado pelo presidente francês Chirac para pedir sua liberação. Tudo serviu de pretexto para a condenação de Cuba como violadora dos Direitos Humanos. Depois o governo cubano divulgou os vídeos do mercenário (por isso havia sido preso) realizando exercícios físicos escondido em sua cela, subindo a cama, caminhando, e descobriram que o livro de sua alegada autoria (Desde mi silla de rueda) havia sido elaborado pela CIA. Logo esse lamentável personagem ocupou cargos na Comissão de Direitos Humanos de Genebra em nome do Estados Unidos e recebeu vários prêmios de diferentes organizações.

Agora o que está de moda são as Madres de Blanco, organização formada por algumas poucas mulheres – supostas mães e esposas de supostos prisioneiros políticos em Cuba –, que vira e mexe fazem pequenas marchas vestidas de branco pelas ruas de Havana (acompanhadas sempre por uma multidão de defensores do processo revolucionário, que não suportam calados vê-las passar, pois sabem que embolsam boa soma de dólares “doados” pelo governo que há mais de 100 anos tenta dominar seu país) e recebem uma ampla repercussão em todos os meios de comunicação do ocidente. “Coincidentemente” incrementaram suas marchas logo da morte de Orlando Tamayo, apesar de que já esteja demonstrado, através de vídeos, documentos e conversas telefônicas, seus vínculos com a Oficina de Interesses dos Estados Unidos em Havana e a máfia anti-cubana de Miami; a quantidade de dinheiro que recebem mensalmente e de quem o recebem: nada mais e nada menos que do conhecido terrorista cubano-americano Santiago Alvarez Fernandez Madriñá . Quem fala disso? Essa é a verdadeira essência da “oposição” em Cuba: mercenários organizados, financiados e guiados pelo governo do Estados Unidos e pela máfia apátrida de Miami.

Orlando Tamayo foi mais outro cubano utilizado para os fins políticos e estratégicos imperiais e da máfia, que não hesitaram em deixá-lo se consumir. Todas as notícias suscitadas por tal episódio são caluniosas e falsas, como ficou comprovado com a recente divulgação dos vídeos das reuniões entre sua mãe e os médicos e especialistas cubanos que tentavam salvar sua vida.

Cuba não necessita corroborar com palavras seu compromisso com a vida e com a verdade. A história real e suas ações são mais que suficientes para ratificar sua postura ética consequente e sua lealdada para com a vida. Em Cuba revolucionária nunca houve uma morte extrajudicial e nunca se torturou um prisioneiro, nem mesmo durante a guerra. Todos os prisioneiros, desde a Serra Maestra, receberam trato digno e inclusive atenção por parte dos médicos guerrilheiros. Os prisioneiros da brigada 2506, formada por mercenários treinados pelo Estados Unidos para a fracassada invasão por Bahia dos Porcos em 61, foram liberados pelo governo cubano a troco de medicamentos. São sólidas e variadas as missões médicas cubanas que chegam a diferentes partes do mundo para curar e salvar vidas. Que provem com elementos concretos a falsidade desses argumentos!

Base americana em Guantânamo (Cuba). Prisioneiros tratados como animais.

 
O foco da campanha atual contra Cuba é curiosamente a Espanha (comandada pelo jornal El País – que pertence ao grupo empresarial Prisa) e Miami (pelo Novo Herald), ambos matrizes de informação para quase todos os grandes meios latinoamericanos. O país ibérico ocupa a presidência temporal da União Européia e seu presidente, Zapatero, era contrário à política de Posição Comum adotada por essa organização desde 1996 (mesmo ano da aprovação da Lei Helms-Burton pelo congresso norte-americano), que a condena por violar Direitos Humanos e se alinha à política exterior estadunidense para Cuba, qual piões imperiais. Não deu outra. Montaram o pretexto, veio a avalancha mediática e aprovou-se a prevalência da Posição Comum européia e também uma declaração de condenação à Ilha. Meses atrás, o governo imperial havia colocado Cuba numa lista de países que estimulam o terrorismo.

Com que moral e crédito a União Européia e o Estados Unidos pensam condenar Cuba? Que nível de dissociação é essa? De quê Direitos Humanos se fala tanto?

O jornal El País, por exemplo, recebe 6 milhões de euros anuais só de anúncios relacionados à prostituição. Na União Européia atualmente 17 milhões de crianças vivem na indigência, 23 milhões de seres humanos sobram desempregados e 80 milhões estão na linha da pobreza. Em pelo menos 20 dos países que a integram, grandes empresas continuam lucrando com a venda ilegal de instrumentos de tortura para os corpos policiais do mundo. No Estados Unidos, mais de 50 milhões de pessoas não têm acesso à saúde, 11 milhões são indocumentados, e é esse o país com a maior população penal do mundo. Abundam em ambos os grupos neofascistas e as manifestações de violência e xenofobia contra os imigrantes.

Mais de 2000 cubanos morreram e uma cifra superior a 3000 ficaram mutilados como consequência das ações terroristas desses grupos mafiosos de Miami e do governo imperial contra Cuba. Cinco cubanos estão presos no Estados Unidos desde 1998 pelo “crime” de haverem se infiltrado nessas organizações terroristas e tentado evitar atentados contra seu país financiados cinicamente pelo governo norte-americano. Por que o governo imperial os mantém presos depois de 11 anos, como verdadeiros prisioneiros políticos? Quê moral tem um país que ampara e financia a essas organizações terroristas e a conotados terroristas em seu território, como Orlando Boch e Posada Carriles, que passeiam livremente por Miami, apesar de haverem sido os autores intelectuais da explosão de um avião de Cubana de Aviação em pleno vôo em 1976, que matou a mais de 70 pessoas?

Mais de um milhão de iraquianos já morreram depois da invasão ilegítima das tropas da OTAN (Estados Unidos e Europa) em 2003 a esse país. Quem os vai condenar por isso, ou pelas torturas descobertas em Abu Ghraib e Guantánamo a pessoas inocentes? Quem condenou a Europa por haver cediço seu território para os vôos secretos da CIA com prisioneiros que mais tarde seriam torturados pelas forças imperiais?

Quem condenou o Estados Unidos por haver promovido os golpes militares em todos os países latinoamericanos, que tantas mortes, torturados e desaparecidos deixaram?

Quem condena o Estados Unidos e a Europa por sustentarem um sistema que mantém a mais de 1 200 000 000 de pessoas passando fome em diferentes partes do mundo e está provocando a destruição das condições naturais que permitem a vida de todos os seres humanos no planeta?

Não se deixem enganar nobres leitores. Há muitas coisas por detrás de uma manchete...