terça-feira, 23 de agosto de 2011

Max Altman: Reformas reforçam socialismo de Cuba




 

A análise da realidade econômica impôs a Cuba mudanças na condução da economia nos próximos anos. O preço elevado das commodities no mercado internacional e a precariedade da produção agrícola interna fizeram o governo repensar medidas adotadas há mais de 50 anos. Entre os meses de dezembro de 2010 e fevereiro de 2011, mais de oito milhões de cidadãos cubanos debateram as reformas econômicas e discutiram sobre o futuro da ilha.

 “Foi um verdadeiro e amplo exercício democrático. O povo manifestou livremente suas opiniões, esclareceu dúvidas, propôs modificações, expressou suas insatisfações e discrepâncias e também sugeriu abordar a solução de outros problemas”, comenta o jornalista Max Altman em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail.

Na opinião de Altman, “as reformas aprovadas no 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba e aprovadas pela Assembleia do Poder Popular visam reforçar o socialismo em Cuba” e, se forem “implementadas firmemente” terão impacto social positivo. “Com a autonomia das empresas, com a melhoria da gestão, com o crescimento da produtividade, com a colocação de mais e mais diversificados produtos no mercado, certamente haverá aumento salarial e do poder aquisitivo das famílias”, avalia.

Max Altman é jornalista, estudioso das questões internacionais, membro do Coletivo da Secretaria Nacional de Relações Internacionais do Partiudo dos Trabalhadores, coordenador geral do Comitê Brasileiro pela Libertação dos 5 Patriotas Cubanos. Confira a entrevista.

IHU: Cuba rendeu-se à economia de mercado, ao capitalismo?
Max Altman: Longe disso. As reformas aprovadas no 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba e aprovadas pela Assembleia do Poder Popular visam reforçar o socialismo no país. Lembro que no encerramento do citado congresso, o presidente Raúl Castro reafirmou a determinação do governo de Cuba e dele próprio, como sua última tarefa, compromisso de honra e sentido de vida, de defender, preservar e prosseguir aperfeiçoando o socialismo e não permitir jamais o regresso do regime capitalista.

IHU: Como as ideias de elaborar reformas econômicas foram amadurecendo ao longo dos anos? Elas já eram esperadas?

Max Altman: A realidade impôs que se aprofundasse a discussão sobre os problemas da economia. Cuba vivia nos últimos anos graves problemas econômicos. Por exemplo, a alta dos preços das commodities de alimentos no mercado internacional obrigou Cuba a despender, com a importação de alimentos, recursos que não gerava com a sua exportação. Paralelamente, a produção e a produtividade agrícola interna eram precárias por distintas razões. Havia outros temas de crucial importância que deveriam ser enfrentados e foram. Resta saber como e em que ritmo as linhas gerais sobre a economia aprovadas serão levadas a cabo.

IHU: As mudanças que se verificam na economia também são vistas na política?
Max Altman: A influência já está ocorrendo. Quando se libera a venda de imóveis e automóveis e se autoriza a criação de negócios por conta própria em dezenas de ramos, isto significa uma abertura. Se o padrão de vida em geral crescer, haverá consequentemente um crescimento da qualidade de vida em todos os sentidos. Já se fala em aliviar a política migratória, ou seja, permitir mais amplamente viagens para e de Cuba de cidadãos cubanos.

IHU: Quem é o núcleo duro do poder em Cuba hoje?
Max Altman: Pode-se dizer que o núcleo duro corresponde ao Birô Político do Partido Comunista do país, visto que todos os seus membros ocupam também relevantes cargos no Conselho de Ministros. Esse birô é composto de 15 membros. Além de Raúl Castro, há uma adequada proporção de chefes principais das Forças Armadas Revolucionárias. É natural que assim seja, pois o Exército Rebelde foi a alma da Revolução, transferindo posteriormente ao partido e ao Exército a defesa das conquistas da revolução.

Hoje, uma das preocupações centrais ainda é a defesa da soberania, da independência de Cuba, e fazer ver a setores externos que Cuba está disposta a tudo para defender seus ideais. Nele ingressaram três novos membros: Mercedes López Acea, 46, Primeira Secretária do Comitê Provincial do partido em Havana; Marino Murillo Jorge, 51, vice-presidente do Conselho de Ministros e Chefe da Comissão Permanente do Governo para a Implementação e Desenvolvimento, e Adel Yzquierdo Rodríguez, 63, quem recentemente foi nomeado Ministro de Economia e Planificação.

IHU: Quais serão os ganhos e perdas sociais dessas reformas?
Max Altman: Se as medidas aprovadas forem implementadas firmemente e num ritmo adequado, não haverá perdas; só haverá ganhos sociais. Com a autonomia das empresas, com a melhoria da gestão, com o crescimento da produtividade, com a colocação de mais e mais diversificados produtos no mercado, certamente haverá aumento salarial e o poder aquisitivo das famílias.

Some-se a isto a disposição do governo de fazer valer o princípio marxista de socialismo: "de cada um conforme seu trabalho a cada um conforme sua capacidade", seguramente haverá mais justiça salarial.

IHU:
O que se pode esperar da reativação da economia cubana? Cuba deve se inserir intensamente na economia internacional?
Max Altman: Cuba já está inserida, mas deve ampliar bastante esta inserção. Garantir a normal liquidação de compromissos internacionais, visando assegurar um maior fluxo de investimentos externos no país para acelerar o progresso econômico, é fundamental. Se o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos há mais de meio século for levantado, a reativação da economia será acelerada. Pouca gente sabe que, devido ao bloqueio, um navio que toque porto cubano trazendo carregamento de arroz coreano não está autorizado a tocar porto norte-americano em seis meses. Com isto, o navio retorna vazio. Imagine-se quanto sobe o custo do frete nesses casos.

IHU: Analisando a situação econômica, social e política da ilha, o que o senhor diria sobre o socialismo?
Max Altman: Simplesmente que o povo cubano está disposto a manter as conquistas do socialismo em Cuba, apesar de todas as dificuldades.

IHU: O que as reformas políticas cubanas demonstram sobre o futuro do país?Max Altman: É preciso esperar cinco anos mais – é o tempo previsto pelos governantes cubanos – para ver concretizadas as reformas. Aí então se poderá avaliar o estado do país.

IHU: Qual deverá ser o papel do Estado nos próximos anos?Max Altman: O Estado terá um papel preponderante e continuará detendo os grandes meios de produção dentro de uma economia planificada. Porém, o Estado terá um papel menor do que tem hoje. Estará abrindo mão de controlar em grande medida a produção e comercialização agrícola e em amplos setores de serviços.

IHU: A proposta também prevê a eliminação de um milhão de empregos públicos nos próximos cinco anos. O que vislumbra para Cuba a partir da queda da intervenção do Estado?Max Altman: Este milhão de empregos públicos era de mão de obra ociosa sustentada pelos cofres públicos. Com um milhão a menos de funcionários a máquina pública produtiva poderá manter e, em seguida, melhorar significativamente a produção e a produtividade.

IHU: Como a sociedade cubana reagiu ao anúncio das reformas?
Max Altman: Com grande esperança. Durante três meses, de primeiro de dezembro de 2010 a 28 de fevereiro, decidiu discutir os “dogmas”, desencadeando um debate, no qual participaram 8 milhões 913 mil 838 pessoas, parte delas repetida – em mais de 163 mil reuniões efetuadas no seio de diferentes organizações, registrando-se uma cifra superior a três milhões de intervenções.

Foi um verdadeiro e amplo exercício democrático. O povo manifestou livremente suas opiniões, esclareceu dúvidas, propôs modificações, expressou suas insatisfações e discrepâncias e também sugeriu abordar a solução de outros problemas não contemplados no documento. Com isso mais de 2/3 dos parágrafos foram emendados com contribuições partidas da base. Significativo contraste com o que se pratica nas democracias de livre mercado em que despoticamente, sem consulta alguma aos afetados, se hipoteca o futuro de gerações com os planos de ajuste e “reformas” de modo a continuar enriquecendo uma elite insensível e ambiciosa.

IHU: O que as reformas políticas significam para Cuba e para o projeto do socialismo?
Max Altman: Digo mais, o projeto de socialismo cubano é sui generis. Não segue modelo chinês ou qualquer outro. Reafirmando as palavras de Raúl Castro: significam a defesa, a preservação e o contínuo aperfeiçoamento do socialismo e não permitir jamais o regresso do regime capitalista.

domingo, 14 de agosto de 2011

Fernando Morais lança livro sobre os cinco patriotas de Cuba

Dedicado aos cinco cubanos presos nos Estados Unidos, o livro Os últimos soldados da Guerra Fria, do escritor brasileiro Fernando Morais, será lançado no dia 23 de agosto em São Paulo, pela Editora Companhia das Letras.
 



Fernando Morais publica livro sobre os 5 patriotas cubanos


“Organizações criminosas internacionais, aventuras de capa e espada, disfarces perfeitos, emissários secretos, conquistas: o novo livro de Fernando Morais traz todos os elementos de suspense de uma novela de espionagem”, diz a nota de lançamento da editora.

Contudo, a nova obra de Morais, autor também do célebre romance Olga, não contém uma só gota de ficção. “A partir da saga da Rede Avispa, um seleto grupo de agentes secretos cubanos que se infiltraram em organizações anticastristas em Miami, o autor nos leva a um incrível mundo de James Bond tropicais, em que a diferença para o agente secreto inglês é a profunda escassez de recursos – técnicos e financeiros – para a realização de um trabalho perigoso e solitário.”

A orelha do livro acrescenta que “a razão desta operação era coletar informação com o fim de prevenir ataques terroristas em território cubano. De fato, algumas destas organizações apresentadas como ‘humanitárias’ participam de ações como enviar pragas contra cultivos na ilha, interferir nas transmissões da torre de controle do aeroporto de Havana, realizar atentados com bombas nos melhores hotéis do país e inclusive disparar tiros de metralhadoras contra navios de passageiros cubanos e turistas estrangeiros”.

Os últimos soldados da Guerra Fria, diz a editora, conta a incrível aventura desses agentes cubanos em território estadunidense e revela os tentáculos de uma rede terrorista com base na Flórida e células na América Central, que recebe apoio tácito de congressistas norte-americanos e a omissão de membros dos poderes Executivo e Judiciário dos Estados Unidos.

“Ao escrever uma história cheia de aventuras dignas dos melhores romances de espionagem, Fernando Morais mostra mais uma vez sua forma de fazer jornalismo de qualidade, com rigor investigativo, imparcialidade e uma narrativa literária sofisticada”, diz a Companhia das Letras.

Fernando Morais (Mariana, Minas Gerais, 1946) é jornalista e trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja e em várias outras publicações da imprensa brasileira. Recebeu três vezes o Prêmio Esso e quatro vezes o Prêmio Abril de Jornalismo. Publicou, com a Companhia das Letras: Olga; Chatô: Rei do Brasil; Corações Sujos, A Ilha e Cem quilos de Ouro, e, com a editora Planeta, O Mago, Montenegro, e Na Toca dos Leões.
Fonte: Cubadebate
Tradução: Luana Bonone


O autor Fernando Morais fala sobre a história contada pelo livro:

O autor Fernando Morais fala sobre a história contada pelo livro:



 

domingo, 7 de agosto de 2011

ACJM presente à apresentação do Ballet Nacional de Cuba

Membros da ACJM na porta do TCA (Teatro Castro Alves)


A Associação Cultural José Martí da Bahia aproveitou a presença do Ballet Nacional de Cuba em Salvador para expressar sua solidariedade ao povo cubano, exigir o fim do bloqueio econômico e exigir do Presidente Obama a libertação dos cinco patriotas cubanos presos injustamente nos Estados Unidos.

Muitas das apresentações no Teatro Castro Alves, ocorridas nos dias 23 e 24 de julho, foram precedidas de manifestações realizadas pela ACJM na porta de entrada do mais importante teatro da Bahia.

Muitos espectadores e apreciadores do ballet se congratularam com os membros da Associação e manifestaram sua solidariedade a Cuba e a sua Revolução.

Ballet Nacional de Cuba em Salvador


ACJM-Bahia dá boas-vindas ao Ballet de Cuba


                         
     A Escola Nacional de Ballet iniciado em 1938, como Companhia,  por  Alicia Alonso e reorganizado  em 1959  quando da Revolução Cubana como Ballet Nacional de Cuba  foi apresentado no Teatro castro Alves em 23 2 24 deste , com a Lenda  da Água Grande , gratuitamente. Distantes daquele momento de magia  permanecem lembranças dos momentos que passeamos na rapidez  e leveza dos passos , da melodia e da lenda que nos remete  à Tupã, Yaci (lua) e Cuarajhi (sol) na cena e aventura de reuniões, combates, sacrifício, rapto e metamorfoses , num figurino de nudez insinuada e  com cenário que , apesar da simplicidade, brilha, intensifica e esconde sob fumaça o mistério entre deuses e humanos . E nós, que conhecemos Cuba, vislumbramos um poema que vai ganhando vida nos espontâneos passos dos/as jovens bailarinos/as que ,  como trabalhadores/as  e estrelas , trazem a suavidade dos movimentos para iluminarem o futuro da humanidade num balé imbricado de saúde e educação que desafia  aqueles que não conseguem perceber os caminhos para a justiça , a paz e a felicidade.
                  Ametista Nunes – poeta e Vice-Presidente da ACJM/Ba