quarta-feira, 4 de setembro de 2013

CUBA: Escola Latino-americana de Medicina

Escola de medicina cubana recebe 13 mil estudantes de 124 países



A Escola Latino-americana de Medicina (Elam), mantida pelos cubanos como uma das iniciativas de solidariedade internacional iniciou, nesta segunda-feira (2), o seu 14º curso. De acordo com o reitor dessa instituição, Rafael González, o curso que terá a participação de aproximadamente 13 mil estudantes provenientes de 124 países.




Elam foi criada em 1998 após a passagem de furacões que arrasou a América Central e o Caribe

No total, 17.200 doutores em medicina de diversas regiões do mundo se graduaram em Cuba, como informou González.

Keli Mogorosi, estudante sul-africana, disse à televisão cubana que o programa de estudos promove a formação de especialistas com ampla vocação humana para servir onde mais se precisa.

A jovem estadunidense Jessica Dawn, que está no primeiro ano, considerou “uma bênção formar-se como médico em uma instituição que se propõe servir a outros povos do mundo”.

Ideal revolucionário

O projeto da Elam faz parte do Programa Integral de Saúde para estender a colaboração médica da ilha a países subdesenvolvidos.

A ideia de criar a Escola Latino-americana de Medicina surgiu após a passagem dos furacões Mitch e George, que em 1998 provocaram cerca de 10 mil mortos e milhares de atingidos na América Central e no Caribe.

Seus primeiros estudantes chegaram em 27 de fevereiro de 1999 procedentes da Nicarágua, que foi das nações mais afetadas pelo Mitch.

Em 15 de novembro desse mesmo ano o líder da Revolução cubana, Fidel Castro, junto a vários mandatários da região, inaugurou a instituição em ocasião da celebração, em Havana, da 9ª Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo. De seu primeiro curso participaram 1.933 jovens de 18 países.

Fonte: Prensa Latina

sábado, 24 de agosto de 2013

Frei Betto: Médicos cubanos no Basil

FREI BETTO: MÉDICOS CUBANOS NO BRASIL?
TERÇA-FEIRA - 04/06/2013 ÀS 23:00


Se não chegam médicos cubanos, o que dizer à população desassistida de nossas periferias e do interior? Que suporte as dores? Que morra de enfermidades facilmente tratáveis? Que peça a Deus o milagre da cura?

Por Frei Betto*



O Conselho Federal de Medicina (CFM) está indignado frente ao anúncio da presidente Dilma de que o governo trará 6.000 médicos de Cuba, e outros tantos de Portugal e Espanha, para atuarem em municípios carentes de profissionais da saúde. Por que aqui a grita se restringe aos médicos cubanos? Detalhe: 40% dos médicos do Reino Unido são estrangeiros. Também em Portugal e Espanha há, como em qualquer país, médicos de nível técnico sofrível. A Espanha dispõe do 7º melhor sistema de saúde do mundo, e Portugal, o 12º. Em terras lusitanas, 10% dos médicos são estrangeiros, inclusive cubanos, importados desde 2009. Submetidos a exames, a maioria obteve aprovação, o que levou o governo português a renovar a parceria em 2012.

Ninguém é contra o CFM submeter médicos cubanos a exames (Revalida), como deve ocorrer com os brasileiros, muitos formados por faculdades particulares que funcionam como verdadeiras máquinas de caça-níqueis. O CFM reclama da suposta validação automática dos diplomas dos médicos cubanos. Em nenhum momento isso foi defendido pelo governo. O ministro Padilha, da Saúde, deixou claro que pretende seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissionais.

A opinião do CFM importa menos que a dos habitantes do interior e das periferias de nosso país que tanto necessitam de cuidados médicos. Estudos do próprio CFM, em parceria com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, sobre a “demografia médica no Brasil”, demonstram que, em 2011, o Brasil dispunha de 1,8 médico para cada 1.000 habitantes. Temos de esperar até 2021 para que o índice chegue a 2,5/1.000. Segundo projeções, só em 2050 teremos 4,3/1.000. Hoje, Cuba dispõe de 6,4 médicos por cada 1.000 habitantes. Em 2005, a Argentina contava com mais de 3/1.000, índice que o Brasil só alcançará em 2031.

Dos 372 mil médicos registrados no Brasil em 2011, 209 mil se concentravam nas regiões Sul e Sudeste, e pouco mais de 15 mil na região Norte. O governo federal se empenha em melhorar essa distribuição de profissionais da saúde através do Provab (Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica), oferecendo salário inicial de R$ 8 mil e pontos de progressão na carreira, para incentivá-los a prestar serviços de atenção primária à população de 1.407 municípios brasileiros. Mais de 4 mil médicos já aderiram.

O senador Cristovam Buarque propõe que médicos formados em universidades públicas, pagas com o seu, o meu, o nosso dinheiro, trabalhem dois anos em áreas carentes para que seus registros profissionais sejam reconhecidos. Se a medicina cubana é de má qualidade, como se explica a saúde daquela população apresentar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), índices bem melhores que os do Brasil e comparáveis aos dos EUA?

O Brasil, antes de reclamar de medidas que beneficiam a população mais pobre, deveria se olhar no espelho. No ranking da OMS (dados de 2011), o melhor sistema de saúde do mundo é o da França. Os EUA ocupam o 37º lugar. Cuba, o 39º. O Brasil, o 125º lugar! Se não chegam médicos cubanos, o que dizer à população desassistida de nossas periferias e do interior? Que suporte as dores? Que morra de enfermidades facilmente tratáveis? Que peça a Deus o milagre da cura?

Cuba, especialista em medicina preventiva, exporta médicos para 70 países. Graças a essa solidariedade, a população do Haiti teve amenizado o sofrimento causado pelo terremoto de 2010. Enquanto o Brasil enviou tropas, Cuba remeteu médicos treinados para atuar em condições precárias e situações de emergência. Médico cubano não virá para o Brasil para emitir laudos de ressonância magnética ou atuar em medicina nuclear. Virá tratar de verminose e malária, diarreia e desidratação, reduzindo as mortalidades infantil e materna, aplicando vacinas, ensinando medidas preventivas, como cuidados de higiene.

O prestigioso New England Journal of Medicine, na edição de 24 de janeiro deste ano, elogiou a medicina cubana, que alcança as maiores taxas de vacinação do mundo, “porque o sistema não foi projetado para a escolha do consumidor ou iniciativas individuais”. Em outras palavras, não é o mercado que manda, é o direito do cidadão. Por que o CFM nunca reclamou do excelente serviço prestado no Brasil pela Pastoral da Criança, embora ela disponha de poucos recursos e improvise a formação de mães que atendem à infância? A resposta é simples: é bom para uma medicina cada vez mais mercantilizada, voltada mais ao lucro que à saúde, contar com o trabalho altruísta da Pastoral da Criança. O temor é encarar a competência de médicos estrangeiros.

Quem dera que, um dia, o Brasil possa expor em suas cidades este outdoor que vi nas ruas de Havana: “A cada ano, 80 mil crianças do mundo morrem de doenças facilmente tratáveis. Nenhuma delas é cubana”.

* é escritor, autor de “O que a vida me ensinou”, da editora Saraiva.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Cuba forma 10.500 médicos em 2013

ANO LETIVO 2012-2013 - Graduados mais de 10.500 médicos das universidades cubanas


JOSÉ A. DE LA OSA/GRANMA
Neste ano, ultrapassam a cifra de 10. 500 os estudantes que receberão seus diplomas de Doutor em Medicina em julho próximo, segundo dados preliminares, dos quais 5.683 são cubanos e outros 4.843 procedem de 70 países, jovens caracterizados por seu alto nível científico e uma projeção social ao lado dos mais necessitados do mundo.
Dessas 70 nações são nove as que graduam mais de uma centena de médico no presente curso. São elas: Bolívia, 855; Equador, 718; México, 444; Argentina, 387; El Salvador, 386; Guiana, 280; Timor Leste, 194; Angola, 118, e China, 101.
Desde 1961 até 2012 somam  mais de 124.700 os médicos cubanos formados em nossas universidades.
Segundo a informação oferecida ao Granma pelo chefe do Departamento de Ingresso e Controle de Processos Docentes do Ministério de Saúde Pública,doutor José Emilio Caballero González,  o número de graduados neste ano, em todas as carreiras que abrangem as Ciências Médicas, eleva-se a 29.712. Destes, 24.692 são cubanos e 5.020 de outras nações.
As Ciências Médicas compreendem Medicina, Estomatologia, Licenciatura em Enfermagem, Psicologia e Tecnologia da Saúde, esta última com 21 perfis no novo modelo de formação. Além disso, graduam-se em oito carreiras de perfil amplo Licenciados em Bioanálise Clínica, Higiene e Epidemiologia, Imagenologia e Radiofísica Médica, Logopedia e Fonoaudiologia, Nutrição, Optometria e Óptica, Reabilitação em Saúde e Sistema de Informação em Saúde.
Cuba conta com 13 universidades das Ciências Médicas para a docência e três Faculdades independentes em Artemisa, Mayabeque e a Ilha da Juventude e a Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), com um claustro integrado por aproximadamente de 37.500 professores. Este grande cenário de formação acadêmica inclui uma ampla rede de hospitais e policlínicas docentes.
Também professores de nosso país ministram docência de pré e pós-graduação em 20 países. São eles: Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Guatemala, Haiti, Angola, África do Sul, Guiné-Bissau, Tanzânia, Guiana, Eritreia, Guiné Equatorial, Timor Leste, Gana, Djibuti, Moçambique, Congo, Uganda e Gâmbia.

As graduações das Ciências Médicas terão lugar nas diversas províncias do país entre em 19 e 27 de julho próximos.

sábado, 15 de junho de 2013

Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba em Foz do Iguaçu






Foz do Iguaçu, terra das Cataratas, região trinacional (Brasil, Argentina e Paraguai) e dona da maior usina hidrelétrica do mundo serve de palco para a convenção. O evento acontece entre os dias 13 e 15 de junho.


Mariana Serafini de Foz do Iguaçu, especial para o Vermelho

Um dos destaques da manhã desta quinta-feira (13) foi a palestra da presidenta do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, Socorro Gomes. Ela discursou sobre a base naval de Guantânamo, território cubano ocupado ilegalmente pelos Estados Unidos.

Socorro fez uma série de denúncias e ressaltou a importância da solidariedade entre os povos para a integração latino-americana e caribenha. “A base em Guantânamo tem dois objetivos claros: controle e vigilância”, segundo ela, atualmente os Estados Unidos tem cerca de mil bases militares espalhadas pelos oceanos e mares mundo a fora. E uma quantidade incontável de armamentos “inteligentes”, como mísseis e aviões não tripulados, por exemplo.

Aproximadamente 70% de todas as mercadorias que circulam no mundo, o fazem através dos mares, de tal forma que são controladas pelos Estados Unidos. Um país que, segundo a pacifista, está em decadência, mas ainda assim, longe de perder força bélica.

Em contrapartida, o povo cubano mantém sua soberania nacional sem grandes aparatos bélicos. Cuba enfrenta, diariamente, a maior potência militar do mundo, mesmo sem ter uma estrutura militar que sequer seja próxima à estadunidense. E ainda assim, é um país soberano que conta, atualmente, com o melhor sistema de saúde do mundo. “Cuba avançou em muitos setores de vida e hoje é desenvolvida até mais que os Estados Unidos, como no sistema de saúde ou o cuidado com as crianças”, disse.

De acordo com Socorro, o tamanho interesse estadunidense por Cuba é extremamente estratégico, afinal, o Caribe é a porta para toda a América Latina, continente com inúmeras riquezas naturais e energéticas. Desta forma, a presidenta do Cebrapaz defendeu a importância de lutar pela integração de todos os povos da América Latina e Caribe, e manter a soberania dos países. “Temos gana de derrotar o império e ser um povo livre e independente. Viva Cuba, Viva a integração dos povos”, encerrou.

No primeiro dia de Convenção, acontece uma série de painéis, palestras e debates, ministrados e moderados por integrantes de movimentos sociais latino-americanos e caribenhos. Para mais informações sobre a programação, acesse: www.convencaonacionalcubabrasil.org.

O evento também pode ser acompanhado em tempo real através do Twitter com a hashtag #CubaBrasil.

Guantânamo

A base militar dos Estados Unidos em Guantânamo é um tema que intriga não só latinos e caribenhos. É motivo de curiosidade em todo o mundo, prova disso é a reportagem realizada pelo editor do Wikileaks, Julian Assange com um ex-prisioneiro da prisão de Guantânamo. A reportagem faz parte de um especial de 12 entrevistas realizadas por Assange, intituladas O Mundo Amanhã. Objetivo da série é debater, com grandes pensadores contemporâneos, as soluções para o desenvolvimento humano, social e político do mundo.
Uma das denúncias feitas pela o ex-prisioneiro é contra o atual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, “Obama prometeu fechar a Guantânamo, mas na época de [George W.] Bush aconteciam prisões extrajudiciais, hoje acontecem mortes extrajudiciais”.


Extraído do blog Vermelho.

domingo, 26 de maio de 2013

A GREVE DE FOME EM GUANTANAMO E AS PROMESSAS DE OBAMA



A greve de fome na prisão passa de 100 dias. Os Estados Unidos, e o presidente Obama, estão lidando da pior forma possível com a questão. Sabe-se que 90% dos detentos nunca foram acusados oficialmente de crime algum. Após cinco anos de governo, passou da hora de o presidente cumprir suas promessas de campanha. Por Steven Hsieh, da AlterNet

Steven Hsieh*



Sexta-feira passada (17) marcou o 100° dia desde o começo da greve de fome na Baía de Guantánamo, que recapturou a atenção internacional sobre a prisão que o presidente Obama prometeu fechar quando tentava se eleger, cinco anos atrás.

Autoridades militares disseram que 102 dos 166 prisioneiros estão participando da greve. Advogados dos prisioneiros dizem que esse número está próximo de 130.

Desde que a greve de fome começou há 100 dias, grupos internacionais, incluindo o Parlamento Europeu, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, e várias nações com prisioneiros em Guantánamo pressionaram a administração Obama a soltar os detidos ou fechar a prisão.

Aqui estão quatro dos fatos mais perturbadores sobre a situação em Guantánamo.

1. A tortura da alimentação forçada

Trinta dos 166 prisioneiros mantidos em Guantánamo estão sendo forçadamente alimentados - uma prática que é considerada tortura e violação da lei internacional pelo escritório de direitos humanos da ONU. No início da semana, a ACLU (sigla em inglês para "União Americana das Liberdades Civis"), e também um número considerável de organizações para os direitos humanos, enviaram uma carta para o secretário de Defesa, Chuck Hagel, insistindo no fim das alimentações forçadas em Guantánamo.

Enquanto os militares dizem que seria "desumano" deixar os prisioneiros morrerem de fome, vários grupos médicos e de direitos humanos discordam.

"Sob estas circunstâncias, seguir adiante e alimentar as pessoas à força não é apenas uma violação ética, mas pode ser elevada ao nível de tortura ou maus-tratos", disse Peter Maurer, coordenador do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

O procedimento militar de alimentação forçada envolve empurrar um tubo no nariz do prisioneiro, através dos seios paranasais, garganta e, eventualmente, estômago. O processo inflige muita dor e desconforto. De acordo com uma análise de documentos militares feita por Al Jazeera, prisioneiros são algemados e forçados a "permanecerem sentados vestindo máscaras sobre suas bocas por cerca de duas horas" enquanto um suplemento nutricional é empurrado para seus estômagos. "Ao fim da alimentação, o prisioneiro é removido da cadeira e levado a uma 'cela seca' sem água corrente", a Al Jazeera conta. "Depois, um guarda observa o prisioneiro por 45-60 minutos 'para vigiar qualquer indicação de vômitos ou tentativas de induzir vômitos.' Se o prisioneiro vomitar, o prendem novamente na cadeira."


2. Supostas tentativas de "desintegrar" os grevistas

Surgiram várias denúncias de que os guardas de Guantánamo estão maltratando os grevistas com o objetivo de "desintegrá-los". Advogados do prisioneiro iemenita Musaab al-Madhwani dizem que os guardas perseguem os grevistas negando-lhes água potável, forçando-os a beber água não potável de torneiras, e mantendo suas celas em temperaturas "extremamente geladas", relatou a Agence France-Presse.

Outro advogado contou ao Russia Today que guardas estão retirando os prisioneiros em greve dos espaços de convívio e forçando-os a viver em celas individuais para enfraquecê-los mentalmente.

3. Mais da metade dos prisioneiros de Guantánamo tiveram seus casos esclarecidos para que sejam libertados. Noventa por cento nunca foram acusados de crime algum

Dos 166 prisioneiros de Guantánamo, 86 já tiveram seus casos esclarecidos para que sejam libertados, mas barreiras burocráticas e legais ainda os mantém presos por tempo indefinido. Em primeiro lugar, o Congresso impôs restrições às transferências dos presos, requisitando provas de que os possíveis transferidos nunca ofereceriam nenhum tipo de ameaça à segurança nacional dos EUA no futuro. Em coletiva de imprensa no último mês, o presidente Obama reiterou este fato, dizendo que ele "iria necessitar ajuda do Congresso." Ainda, como vários analistas apontaram, o Congresso também garantiu a Obama o poder de transferir prisioneiros, um poder que ele nunca exerceu.

O que complica o processo são 56 iemenitas detidos em Guantánamo. Como explicou Alex Kane, o Iêmen é "um poderoso aliado dos EUA que também possui problemas com a Al-Qaeda na Península Árabe, um grupo que planejou ataques contra os EUA. Depois que um plano terrorista que supostamente teve origem no Iêmen foi interceptado, a administração Obama decidiu impedir a repatriação dos prisioneiros para o Iêmen."

4. Nenhuma possibilidade de sair senão num caixão

A greve de fome se iniciou como uma resposta ao maltrato dos objetos pessoais, como Alcorões, dos prisioneiros, cometidos pelos guardas da prisão. Mas muitos analistas, organizações e prisioneiros apontaram que isto foi apenas a gota d'água. A greve representa a frustração dos prisioneiros por serem mantidos longe de suas famílias em condições desumanas, alguns detidos por mais de 11 anos.

"Estes homens não estão passando fome para que se tornem mártires... Eles fazem isso porque estão desesperados," declarou Wells Dixos, um advogados que representa 5 prisioneiros de Guantánamo. "Eles estão desesperados para ficarem livres de Guantánamo, eles não veem outra alternativa que não seja sair num caixão."

Samir Naji al Hasan Moqbel, explicou, numa conversa de telefone publicada na página de opinião do The New York Times, que a greve de fome é conduzida como um último recurso:

“A situação agora é desesperadora. Todos os prisioneiros estão sofrendo profundamente... eu já vomitei sangue.

E não há previsão de fim para nosso aprisionamento. Negarmo-nos a comer e arriscar a vida todos os dias é a escolha que fizemos.

Eu só espero que, por causa da dor que estamos sofrendo, os olhos do mundo irão se voltem a Guantánamo antes que seja tarde.”

*Steven Hsieh é assistente editorial do site AlterNet e escritor. Para segui-lo no twitter @stevenjhsieh





Tradução de Roberto Brilhante

Carta Maior

Foto: Outras Palavras



sábado, 18 de maio de 2013

IIª CONVENÇÃO BAIANA DE SOLIDARIEDADE A CUBA


Foi realizada neste sábado, 18 de maio, na Escola politecnica da UFBA, em Salvador, a 2ª Convenção Baiana de Solidariedade à Cuba com a presença do embaixador Zamora, representantes de diversas entidades do movimento social baiano, da militância internacionalista e dos parlamentares Deputado Alvaro Gomes e Vereador Everaldo Augusto. Abaixo o texto da Carta aprovada pela plenária e dirigida à XXI Convenção Nacional de Solidariedade.




CARTA DA BAHIA À 21ª CONVENÇÃO NACIONAL DE SOLIDARIEDADE A CUBA

 
"A vida sem idéias de nada vale. Não há felicidade maior que a de lutar por elas”.

(Fidel Castro)

A batalha de idéias é, segundo Fidel Castro, a principal trincheira de luta do revolucionário contemporâneo. Não se trata de uma mudança do lugar da batalha. O campo da luta pela paz, pela justiça e pelo socialismo continua o mesmo de sempre: as ruas, os bairros, as fábricas, as escolas, os campos e cada quadrante do planeta. O que mudou, e isto Fidel constatou com sua particular perspicácia, é que o terreno das idéias é o mais propício para que as forças revolucionárias façam valer suas superioridades moral e científica sobre o imperialismo e o capitalismo.

Inspirados na lição do líder cubano, a América Latina, nos últimos 15 anos, se levantou e tem conquistado seu verdadeiro lugar na História. Nossos povos derrotaram o projeto imperialista da ALCA, reduziram o papel político da OEA a pouco mais que nada e construíram importantes instrumentos de integração a exemplo da CELAC, UNASUL e ALBA. Conscientes do papel crucial da batalha de idéias e da manipulação da informação pela grande mídia, muitos países latino-americanos têm instituído mecanismos democráticos de controle social da mídia e criado espaços alternativos de comunicação, como a TELESUR e canais televisivos nacionais de caráter público ou social.

A Associação José Martí da Bahia, o CEBRAPAZ e os meios progressistas baianos sabem que, ao defender Cuba e sua Revolução, cumprem uma das mais importantes tarefas na atual batalha de idéias. Para os reacionários, Cuba tem significado uma terrível pedra no sapato, uma vez que é a demonstração real da superioridade moral do socialismo. Embora bloqueada economicamente por mais de 50 anos e sujeita ao terrorismo made in Miami, a pequena ilha resiste corajosamente ao cerco brutal dos Estados Unidos. Enfrentou as maiores adversidades após o fim da União Soviética sem fechar um único hospital ou escola e sem abrir mão da solidariedade internacional. Menor taxa de mortalidade infantil da América Latina, menor taxa de violência urbana, analfabetismo zero, todas as crianças na escola, primeiro país do continente americano a cumprir as metas do milênio segundo a ONU, melhor país da América Latina e 30º do mundo para ser mãe segundo a fundação inglesa Save the Children.

Firme na batalha de idéias, o movimento de solidariedade a Cuba na Bahia desmascarou, sem tergiversar, a blogueira Yoani Sanchez que junto com os apoiadores do imperialismo elegeu a Bahia para iniciar um périplo internacional de difamação da Revolução Cubana. Em alto e bom som dissemos não às mentiras da mercenária a soldo do imperialismo e da grande mídia internacional, que tem lado nessa disputa e busca, com uma campanha difamatória sem precedentes, reproduzir inverdades sobre a realidade do país e invalidar o esforço do povo cubano em construir a sua experiência revolucionária.

Cuba, desde a Revolução, tem sido um símbolo para todos nós que acreditamos na paz, na liberdade, no socialismo e sobretudo na força das idéias justas. Cuba é nossa trincheira na batalha mundial de idéias. Cuba é a prova viva de que o homem pode, se quiser, coletivamente, construir sua própria História baseada em valores como humanismo e solidariedade.

Quando, nos anos 60/70, a maior parte dos países latino-americanos, entre eles o Brasil, eram governados por cruéis ditaduras militares, recebíamos do povo cubano todo apoio moral e material para nossas lutas e era Cuba o porto seguro de muitos brasileiros exilados por combaterem o regime ditatorial.

Também nos anos 70, quando o regime sul-africano do apartheid, buscando sobrevida, invadiu Angola para derrotar o MPLA - a vanguarda do povo angolano -, foi Cuba que se postou ao lado de Angola. Mais de 50.000 combatentes cubanos desembarcaram em solo africano para defender a África negra. Juntos, o MPLA (Movimento pela Libertação de Angola) e exército cubano expulsaram o invasor racista cujo exército era não apenas o mais bem armado da África, mas tinha ainda o apoio dos Estados Unidos. Cabe lembrar também que em Cuba está asilada Asata Shakur, militante negra norte-americana, que integrou o Partido Panteras Negras, perseguida pelo FBI por sua luta em favor da igualdade racial.

Não faltam razões para manifestarmos aqui na Bahia, estado brasileiro em que a herança africana é mais presente, nossa irrestrita solidariedade ao povo cubano e a sua Revolução, com o que estamos a defender o direito de cada povo escolher seu próprio destino. Reafirmamos neste momento nossa luta contra o criminoso bloqueio econômico, pelo imediato fechamento da base estadunidense de Guantánamo – palco de inúmeras violações aos direitos humanos – e pela libertação dos patriotas ainda presos nos Estados Unidos por lutar contra o terrorismo. Queremos também manifestar nosso total apoio ao programa de modernização do sistema econômico cubano que identificamos como um instrumento devidamente sintonizado com a construção do socialismo.

Por fim, felicitamos René Gonzalez pelo retorno à liberdade e a sua pátria de onde lutará junto com todo o movimento internacional de solidariedade pela libertação de Gerardo, Antonio, Fernando e Ramon.

Viva Cuba socialista!

Salvador, 18 de maio de 2013.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Crise na Espanha: exilado cubano pede para voltar a Cuba

"Me mandem de volta a Cuba", diz exilado despejado na Espanha

 
Gilberto Martínez foi obrigado nesta terça-feira a deixar sua casa, ao lado da esposa e de três filhos
Um dia depois de ser despejado com sua familia de sua casa na Espanha, o opositor cubano Gilberto Martínez, de 50 anos, afirmou nesta quarta-feira (08/05) que deseja voltar à ilha caribenha.

“Só peço agora que me mandem de volta a Cuba”, afirmou o exilado chorando, de acordo com o jornal El País.

Martínez viajou para a Espanha em 2011, ao lado da mulher e de três filhos, com a promessa de receber 995 euros por mês (400 da Cruz Vermelha e 595 do governo espanhol). “Nós fomos enganados. Estamos na rua. Fomos de um lugar a outro, mas a única coisa que está clara é que os políticos usam o mesmo cobertor para não olhar e não arrumar nada.”

O programa que levou a família de cubanos a se mudar para a Espanha foi firmado entre o governo de José Luís Zapatero, antecessor de Mariano Rajoy, e a Igreja Católica, segundo Martínez.

Extraído do site www.operamundi.uol.com.br

sexta-feira, 10 de maio de 2013

CUBA É O MELHOR PAÍS DA AMÉRICA LATINA PARA SER MÃE DIZ ESTUDO


No topo da lista, elaborada entre 176 países, está a Finlândia, enquanto a República Democrática do Congo está em último



Cuba é o melhor país da América Latina para a maternidade e o 33º do mundo, segundo um índice da organização britânica Save the Children. No topo está a Finlândia e a República Democrática do Congo em último. Os Estados Unidos estão em 30º lugar e o Brasil em 78º.



 Cubanas comemoram 1º de maio em Havana. País caribenho está à frente de Argentina, Costa Rica e México em índice sobre maternidade

A ONG, cuja sede fica em Londres, leva em conta fatores como bem-estar, saúde, educação e situação econômica das mães, assim como a taxa de mortalidade infantil e materna, para definir a tabela.

Levando em conta somente a América Latina e Caribe, Cuba está à frente da Argentina (36), Costa Rica (41), México (49) e Chile (51). O Haiti está no 164º lugar. Também em postos relativamente baixos estão Honduras (111), Paraguai (114) e Guatemala (128). A Venezuela está em 66º.

"Apesar de a América Latina ter conseguido enormes avanços, podemos fazer mais para salvar e melhorar a vida de milhões de mães e bebês recém-nascidos que se encontram na maior situação de pobreza", afirmou o diretor da Save the Children para a América Latina, Beat Rohr. Ele disse que os maiores avanços foram registrados no Brasil, Peru, México e Nicarágua.

O Índice de Risco do Dia do Parto, elaborado pela primeira vez, revela que 18 % de todas as mortes de crianças menores de 5 anos na América Latina ocorrem durante o dia de nascimento. As principais causas são nascimentos prematuros, infecções graves e complicações durante o parto.

Contudo, a mortalidade neonatal na região diminuiu 58 % nas últimas duas décadas, apesar de ainda existir uma grande diferença na atenção dada às pessoas ricas e às com menos recursos, ressalta o estudo. A Save the Children estima que, a nível mundial, mais de um milhão de recém-nascidos poderiam ser salvos todos os anos caso o acesso à saúde fosse universal.

"Quando as mulheres têm educação, representação política e uma atenção materna e infantil de qualidade, elas e seus bebês têm muito mais probabilidades de sibreviver e prosperar, assim como a sociedade na qual vivem", sublinhou Rohr.

Extraído do portal Opera Mundi.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

Cuba Socialista


1º de Maio em Cuba: um ato impressionante de apoio à revolução


Mais de um milhão de cubanos participaram da celebração do 1º de Maio em Havana. “Foi uma manifestação impressionante de apoio à revolução e ao socialismo”, afirmou o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, que presenciou o ato a convite da Central dos Trabalhadores Cubanos (CTC).

Por Umberto Martins, CTB





         Centenas de milhares de cubanos marcham em defesa de sua Revolução



Cerca de dois mil sindicalistas estrangeiros, provenientes de 72 países e representando 265 entidades sindicais estiveram presentes. Concentrada nas proximidades da Praça da Revolução, a multidão promoveu uma animada passeata pela avenida Lázaro Penã, enfeitando a marcha com bandeiras de Cuba e retratos de Fidel, Raúl, Che, Chávez, os cinco patriotas presos nos EUA e outros líderes revolucionários.


Homenagem a Chávez

Palavras de ordem em defesa do socialismo e contra o bloqueio imperialista imposto pelos EUA traduziram o caráter da manifestação e conferiram a cor e a força singular do 1º de Maio em Cuba. O secretário geral da CTC, Salvador Valdez, foi o único orador do ato. O presidente Cubano, Raúl Castro, também marcou presença, mas não discursou. A classe trabalhadora foi a grande protagonista.


Valdez homenageou o líder da revolução bolivariana Hugo Chávez, reconhecido como “o maior amigo de Cuba”, e manifestou total solidariedade ao atual presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, que no momento conduz uma dura batalha de classes contra a burguesia nativa e o imperialismo estadunidense.


O principal dirigente da CTC, recentemente eleito vice-presidente do país, defendeu a integração solidária dos povos da América Latina e Caribe em resposta ao projeto do imperialismo e destacou a participação e o crescente protagonismo do movimento sindical no novo cenário político que emergiu após a eleição de Hugo Chávez, em 1998, e de outros líderes progressistas na região, como Lula, Evo Morales, Pepe Mujique, Rafael Correia e Daniel Ortega, que rejeitaram a ALCA e criaram a Unasul e a Celac.


Valdez também fez referência às mudanças que o governo revolucionário está promovendo em Cuba, com o propósito de construir um “socialismo próspero e sustentável”. Disse que é imprescindível desenvolver as forças produtivas, elevando a produtividade do trabalho, ao mesmo tempo em que consolida e amplia os direitos da classe trabalhadora.


Capitalismo em crise

Anunciou a elaboração de um Código do Trabalho e chamou atenção para a grave crise do capitalismo, que desta vez afeta principalmente a Europa, EUA e Japão, e constitui séria ameaça à Humanidade na medida em que acirra os conflitos sociais e internacionais, agravando o drama do desemprego e da miséria, e induz os países imperialistas a buscar uma saída na guerra. 


“Manifestamos nossa solidariedade às vítimas do capitalismo”, exclamou, concluindo seu discurso com a defesa dos “cinco prisioneiros do império” e o repúdio ao bloqueio econômico ilegalmente imposto a Cuba pelos EUA, que também mantêm no país a base militar de Guantánamo, um centro de torturas contra supostos inimigos encarcerados também à margem da lei.


“Este belo desfile é uma prova do forte apoio popular à revolução e à soberania cubana, que avançam em maio a grandes obstáculos e dificuldades”, opinou o presidente da CTB, Wagner Gomes. “O 1º de Maio em Havana significa que a classe trabalhadora e o povo cubano defendem com toda energia as conquistas sociais da revolução, que em janeiro completou 54 anos, e tem consciência de que a unidade popular é que faz a força da Ilha, e barra o retrocesso pretendido pelo imperialismo.” 


Extraído do portal Vermelho.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

MÚSICA DE LATINOAMÉRICA: Eva Ayllon e Gianmarco cantam HOY









HOY é uma canção do cantor  e compositor peruano Gianmarco que fala do Peru e da saudade que sentem os peruanos que tiveram de emigrar. É também uma canção que fala de amor, de paz e de amizade entre as pessoas. Eva Ayllon, uma das maiores cantoras peruanas de todos os tempos, canta, ao lado de Gianmarco, este belo e comovente tema. Curtam!

EMBARGO A CUBA

DEPUTADOS DA FLÓRIDA PEDEM CPI PARA INVESTIGAR VIAGEM DE BEYONCÉ A CUBA

Dois deputados republicanos exigem resposta do Tesouro sobre licença do casal para ida à ilha
Ícones do mundo pop dos EUA, Beyoncé e Jay-Z, visitaram Cuba para comemorar cinco anos de casamento



A comemoração de cinco anos de casamento entre Beyoncé e Jay-Z , casal norte-americano que figura entre as principais estrelas do mundo pop, ocorrida na semana passada, passou por Cuba, e pode terminar nos Estados Unidos com um possível processo judicial. Dois deputados federais querem abrir um inquérito para saber como o casal contornou as restrições de turismo ao regime comunista.

“A indústria do turismo em Cuba é totalmente controlada pelo Estado, e assim os dólares gastos lá financiam diretamente a máquina de opressão ao povo cubano”, escreveram os republicanos Ileana Ros-Lehtinen e Mario Diaz-Balart, representantes do Estado da Flórida, lar da maioria dos dissidentes cubanos.

Os deputaos procuram informações sobre motivo, licença e aprovação da viagem com Adam Szubin, diretor do Escritório de Controle sobre Bens Exteriores, órgão do Tesouro. Na carta também escrevem que “apesar da clara proibição contra o turismo a Cuba, várias declarações da imprensa descrevem a viagem como turística, e o regime de Castro a mostra como propaganda”.

                        Cantora pop Beyoncé visita grupo de Danza Contemporánea de Cuba

Por outro lado, um artigo do Cubadebate compara a dupla de republicanos a uma mentalidade macarthista dos anos 1950, “ancorados em um antigo discurso de Guerra Fria”, “perseguindo o cidadão que opta pelo direito constitucional de viajar a Cuba, como a qualquer outro país” e “contra o realismo dos tempos que correm".

O Departamento de Estado afirmou não ter informações da viagem e ainda não se sabe se foi dada uma licença pelo governo Obama para fins acadêmicos, religiosos ou culturais. Uma porta-voz da Seção de Interesses norte-americanos em Havana afirmou que, caso a falta de licença seja confirmada, o casal pode passar por processo que pode levar, segundo o New York Times, a dez anos de prisão e 250 mil dólares em multa.

Centenas de norte-americanos conseguem chegar à ilha todos os anos, normalmente por outro país, e poucos sofrem retaliações. Os EUA mantém a ilha na lista de países que promovem o terrorismo, além de continuar com o sistema de embargo comercial. Apenas cubanos-americanos têm permissão de tráfego livre e autoridades de imigração cubanas não costumam estampar os passaportes de norte-americanos.

De acordo com AFP e Havana Times, Beyoncé e Jay-Z celebraram sua união nas ruas e restaurantes de Havana, onde centenas os cumprimentavam. Viram apresentações de dança contemporánea de Cuba, da cantora Haila Mompié e o grupo de teatro infantil La Colmenita, além de se encontrarem com estudantes de professores do Instituto Superior de Arte. Porta-vozes da cantora não deram nenhuma declaração.

Mais fotos www.cubadebate.cu.



(*) com informações de Opera Mundi, Reuters, New York Times e Havana Times.


sábado, 23 de março de 2013

Max Altman: "Há sim uma revolução na Venezuela, Ferreira Gullar"


HÁ SIM UMA REVOLUÇÃO NA VENEZUELA, FERREIRA GULLAR.

Por Max Altman


Existe um expressão comum no mundo político da Venezuela – “saltar la talanquera” – que poderia ser traduzido por "pular sobre a barricada" e que significa passar para o outro lado. Muita gente que na sua juventude, e por largos anos, abraçou os ideais do socialismo, resolveu “saltar la talanquera’, renegando, sob os mais variados pretextos, tudo o que pensava e defendia, e muda de lado, de mala e cuia.




Como necessitam ser bem recebidos pelos novos correligionários, mostram-se crescentemente mais realistas que o rei. Ou seja, homens com uma história de esquerda passam a defender algumas das teses mais caras à direita. Mudar de lado não é um ato gratuito. Há que se pagar pedágio sempre – e ele é caro e exigente -, demonstrando por atos e palavras que são leais à nova trincheira e aos seus valores. É o caso de Arnaldo Jabor, Roberto Freire, Marcelo Madureira, Alberto Goldman e tantos outros. E do poeta e cronista Ferreira Gullar.

Gullar publicou na Folha de S. Paulo de domingo, 17 de março, artigo sob o título “A revolução que não houve”. Não vou refutar suas posições ideológicas ou políticas. Eles tem as deles, nós, as nossas, e assim vamos travando a batalha de idéias. O que quero rebater são suas inverdades e distorções – e até um grave vilipêndio - acerca de fatos concretos. O poeta Gullar não pode alegar desconhecimento, pois é jornalista, nem ignorância, posto que é intelectual.

O articulista afirma que Hugo Chávez “não só fechou emissoras de televisão como criou as Milícias Bolivarianas, que, a exemplo da conhecida juventude nazista, inviabilizava pela força as manifestações políticas dos adversários do governo”.

O sinal eletro-eletrônico, lá como aqui, é de propriedade do Estado. A concessão de transmissão por sinal aberto da RCTV – e este foi um caso único – deixou de ser renovada, entre muitas outras razões, pelo fato da emissora ter tramado e liderado o Golpe de Estado de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chávez, fato cabalmente demonstrado no documentário “A Revolução Não Será Televisionada”.



Nos Estados Unidos, por exemplo, esta ocorrência levaria os donos da estação a uma condenação severíssima. O sinal fechado da RCTV continua funcionando normalmente. À parte a odiosa e absurda comparação com as milícias hitleristas, a Lei Orgânica da Força Armada Bolivariana da Venezuela (FABV) estabelece que a Milícia Bolivariana, subordinada ao Comando Estratégico Operacional da Força Armada Bolivariana da Venezuela, tem como missão treinar, preparar e organizar o povo para a defesa integral com o fim de complementar o nível de prontidão operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB), contribuir para a manutenção da ordem interna, segurança, defesa e desenvolvimento integral da nação com o propósito de coadjuvar e independência, soberania e integridade do espaço geográfico da Nação. Repto o Sr. Gullar ou qualquer outro a mencionar um só caso em que a Milícia Bolivariana tenha sido utilizada para inviabilizar, pela força ou não, qualquer manifestação política ou de outra ordem da oposição.

Diz mais o cronista: “O azar dele foi o câncer que o acometeu e que ele tentou encobrir. Quando não pode mais, lançou mão da teoria conspiratória, segundo a qual seu câncer foi obra dos norte-americanos.” Agora mesmo estamos assistindo à autorização da família do ex-presidente João Goulart para a sua exumação, 37 anos após o falecimento, porque há forte suspeita que ele tenha sido envenenado para induzir o ataque cardíaco pela Operação Condor, sabidamente apoiada e orientada pela CIA. Foi possível com Jango, porque não poderá ser com Chávez. A ciência provavelmente irá dirimir a dúvida em ambos os casos.

“De qualquer modo, tinha que se curar e foi tratar-se em Cuba, claro, para que ninguém soubesse da gravidade da doença...” Não é nada claro, Sr. Gullar. Vindo do Equador e do Brasil desce Chávez em Havana, caminhando com dificuldade e apoiado numa muleta. Foi estar com Fidel e com ele se queixou das dores. Fidel lhe fez uma enxurrada de perguntas e o convenceu a passar imediatamente por uma bateria de exames no melhor hospital de Havana. Foi nesse momento que se descobriu que carregava na região pélvica um tumor “do tamanho de uma bola de beisebol.” E lá mesmo passou pela primeira das quatro operações cirúrgicas. A Venezuela e o mundo todo souberam imediatamente da gravidade da doença e com algum detalhe. Razões de Estado sempre cercam enfermidades de chefes de Estado e de governo. Não obstante, no caso de Chávez foram 27 comunicados públicos ao longo dos quase dois anos, feitos por ele mesmo ou por ministros do governo. François Mitterrand passou dois setenatos carregando um câncer de próstata, que o acabou matando, sem que a opinião pública soubesse de algo. Antes dele, o presidente Georges Pompidou morreu no exercício do cargo, inesperadamente, de Macroglobulinemia de Waldenström e ninguém soube de nada, salvo alguns jornalistas que suspeitaram de seu súbito inchaço.

Gullar omite e distorce quando diz que “Para culminar, (Chávez) fez mudarem a Constituição para tornar possível sua reeleição sem limites. Aliás, é uma característica dos regimes ditos revolucionários não admitir a alternância no poder.” Na verdade, Chávez fez questão que a emenda constitucional permitindo a postulação indefinida passasse por referendo popular e não simplesmente aprovada pela Assembleia Nacional onde detinha praticamente a totalidade das cadeiras. (A oposição se recusara a concorrer às eleições legislativas.) Houve ampla e livre campanha e o SÍ ganhou por boa margem. O povo assim decidiu. A propósito, nos Estados Unidos havia uma tradição de apenas dois mandatos de quatro anos mas nada na Constituição impedia a postulação indefinida. Roosevelt foi eleito em 1932, reeleito em 1936, novamente eleito em 1940 e outra vez eleito em 1944. Faleceu em abril de 1945 com apenas 63 anos. Seria facilmente reeleito pela 5ª, 6ª e 7ª vez, pois saíra vitorioso da Segunda Guerra Mundial e os Estados Unidos confirmavam a condição de super-potência. Alguém tisnou de anti-democrático a contínua reeleição de Roosevelt ? Essa possibilidade foi revogada posteriormente por uma eventual maioria republicana.

O articulista envereda sibilina e maliciosamente pelo terreno jurídico. “Contra a Constituição, Nicolás Maduro ... assume o governo, embora já não gozasse, de fato, da condição de vice-presidente, já que o mandato do próprio Chávez terminara.” E mais adiante “Mas, na Venezuela de hoje, a lei e a lógica não valem. Por isso mesmo, o próprio Tribunal Supremo de Justiça – de maioria chavista, claro – legitimou a fraude, e a farsa prosseguiu até a morte de Chávez; morte essa que ninguém sabe quando, de fato, ocorreu.” O sr. Gullar nunca se referiu ao nosso STF como de maioria tucana, claro, em especial durante o julgamento midiático da AP 470.

Os membros da Suprema Corte na Venezuela, que devem ser cidadãos de reconhecida honorabilidade e juristas de notória competência, gozar de boa reputação e ter exercido a advocacia ou o magistério em ciências sociais po r pelo menos 15 anos, e possuir reconhecido prestígio no desempenho de suas funções, são eleitos por um período único de 12 anos. Postulam-se ou são postulados ante o Comitê de Postulações Judiciais. O comitê, ouvida a comunidade jurídica, envia uma pré-seleção ao Poder Cidadão, que, por sua vez, faz uma nova pré-seleção e a envia à Assembleia Nacional que fará a seleção definitiva. (arts. 263 e 264 da Constituição Bolivariana). Cabe, por outro lado, à Sala Constitucional do Tribunal Supremo da Venezuela (art. 266) exercer a jurisdição constitucional, como única intérprete da Constituição. E ela considerou, em decisão articulada e bem fundamentada, que: a) pelo fato de estar ainda em curso a licença concedida pela Assembleia Nacional ao presidente Chávez; b) que havia uma continuidade administrativa pois Chávez havia sido reeleito; a posse poderia se dar em outro momento e ante o TSJ, fato também previsto na Constituição e que Nicol ás Maduro poderia continuar exercendo a vice-presidência executiva. (Na Venezuela o vice-presidente é indicado pelo presidente e não eleito conjuntamente.) Com a morte de Chávez, aplicou-se o art. 233, passando Maduro a exercer o cargo de Presidente Encarregado, obrigando-se a convocar eleições em 30 dias, o que foi feito.

E onde reside o vilipêndio, a ignomínia de Ferreira Gullar? Repetindo maquinalmente o que a extrema-direita golpista e corrupta da Venezuela alardeou, afirma que a farsa prosseguiu até a morte de Chávez, que ninguém sabe quando de fato ocorreu. Isto é uma grave ofensa antes de mais nada à dignidade dos pais, irmãos e filhos de Hugo Chávez, porquanto afirmar que ninguém sabe quando ocorreu a morte é imputar à família do presidente participação numa farsa. As filhas de Chávez em discursos emocionados, num e noutro momento, repeliram a rancorosa e covarde acusação, reafirmando que Chávez faleceu, quase diante de seus olhos, no dia 5 de março no hospital militar de Caracas, exatamente às 16 h25.

E por quê afirmo no título que há uma revolução socialista bolivariana em marcha ? Evidentes êxitos dos programas sociais do governo Chávez não a caracterizaria. Esta proeza pode ser alcançada por países em regime capitalista. Há, porém, um dado da realidade na Venezuela: a massa pobre e de trabalhadores alcançou um bom nível de consciência política e ideológica e está organizada. Vale-se do Partido Socialista Unido da Venezuela para a sua mobilização. E dispõe-se a respaldar o governo a fim de levar adiante o “Plano Socialista da Nação – 2013-2019”, programa histórico de cinco objetivos fundamentais, que tem por lema ‘desenvolvimento, progresso, independência, socialismo’.

Sempre com fundamento na Constituição que estabelece que a soberania reside intransferivelmente no povo que a exerce diretamente na forma prevista na Carta Magna e nas leis e indiretamente, mediante o sufrágio direto e secreto, Chávez liderou a expansão da democracia participativa, diminuiu o peso do empresariado, dos meios comerciais de comunicação e das casamatas mais retrógadas do aparelho estatal, especialmente no sistema judiciário. Criou com isso a base social que permite agora avançar na transformação socialista em curso, trazendo a Força Armada para dela lealmente participar.

Uma das mais relevantes medidas de transferência de poder ao povo é a criação e o desenvolvimento do poder comunal. Trata-se de pequenas áreas geográficas, distritos ou bairros, que funcionam como instituições políticas e que também podem organizar seus próprios serviços públicos, constituir empresas para diferentes atividades e receber financiamento direto do governo nacional. Busca-se, assim, esvaziar os estamentos burocráticos ainda controlados ou corrompidos pelos antigos senhores.

Ao contrário de outras experiências de identidade socialista, a ampliação da democracia direta não foi acompanhada pela redução de liberdades, mesmo daqueles setores que participaram do golpe de Estado em 2002 ou que insistem na oposição golpista. Não se tolheu a liberdade de expressão nem a liberdade de imprensa. Partidos de cariz neoliberal, de direita, sociais-democratas ou ultra-esquerdistas continuam a funcionar normalmente com ampla liberdade de organização e manifestação pacífica.

Dois fortes sinais indicam que a revolução socialista bolivariana está atingindo um ponto de não retorno. O primeiro foi o extraordinário comportamento do povo venezuelano diante da morte de seu comandante-presidente. Milhões saíram às ruas para homenageá-lo. Embora comovido, mostrou-se sereno, pacífico, responsável e democrático. Isto permitiu que o governo funcionasse e, principalmente, a estabilidade institucional fosse garantida. Não caiu nas provocações alimentadas por setores raivosos da direita. Reagiu com senso civilizado extraordinário, com dignidade. No entanto, como se pôde assistir, disposto a qualquer coisa para defender o legado de Hugo Chávez, o progresso e as conquistas sociais, o desenvolvimento da economia, a soberania e a independência da pátria, a consolidação da integração regional latino-americana.

O segundo sinal está por vir e será a confirmação desta vontade popular. No dia 14 de abril serão realizadas eleições livres, justas e transparentes, como garante o Conselho Nacional Eleitoral, para presidente da Venezuela. A vitória de Nicolás Maduro constituirá um marco histórico e dará início a uma nova etapa da revolução socialista bolivariana.

*Max Altman é jornalista

Extraído do blog www.vermelho.org.br

sexta-feira, 8 de março de 2013

Adeus, Comandante!!

Presidente venezuelano entrou para a história ao morrer nesta terça-feira





O cartunista e ativista Carlos Latuff é colaborador do Opera Mundi. Seu trabalho, que já foi divulgado em diversos países, é conhecido por se dedicar a diversas causas políticas e sociais, tanto no Brasil quanto no exterior.
Extraído do Blog Opera Mundi.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Povo Venezuelano saberá defender conquistas de Chavez, diz Raul




“Chávez entrou, pela porta grande, na história. Ninguém poderá fechar a porta, nem esquecer o que aconteceu. O povo venezuelano saberá defender suas conquistas e nós, como agora, estaremos juntos a eles, com os joelhos dobrados”. Com estas palavras, o presidente cubano, Raúl Castro, encerrou a homenagem, feita em Santiago de Cuba, ao mandatário venezuelano, Hugo Chávez, que faleceu nesta terça-feira (5), em Caracas.




                             Criança deposita flores durante homenagem a Chávez em Cuba



Durante os 14 anos em que liderou a revolução Bolivariana na Venezuela, Chávez sempre manteve estreita relação com Cuba. Ambos integram a Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e mantêm programas de cooperação e integração.



                                      Ismael Francisco/Cubadebate



O lutador revolucionário Armando Hart Dávalos homenageia Chávez



Para o líder cubano, o mais importante neste momento, é não retroceder no que foi conquistado com a influência de Chávez.

Assim, o mandatário ressaltou a necessidade de lutar pela unidade dos povos da América Latina e do Caribe e observou que “um dos maiores legados de Chávez foi seu impulso aos mecanismos de integração regional”.


Ismael Francisco/Cubadebate



Esteban Lazo, Presidente do Parlamento cubano



Durante todo o dia cubanos e cubanas de diversas gerações foram ao monumento do Herói Nacional de Cuba, José Martí para prestar homenagens póstumas ao líder bolivariano.



Da Redação do Vermelho,

Vanessa Silva, com Prensa Latina

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

juana azurduy - mercedes sosa

POR QUE A DIREITA BATE BUMBO PARA YOANI?

Por que a direita bate bumbo por Yoani?

Por Breno Altman

Visita acabou demonstrando que a solidariedade em relação à Revolução de 1959 permanece viva na América Latina

O direito de protestar faz parte da democracia. Essa garantia inclui apupos, gritos, gestos, cartazes e até o esculacho. Apenas exclui o exercício da violência direta, monopólio do Estado em seu papel regulador das relações sociais. Não se pode classificar, como modalidades aprioristicamente antidemocráticas, por exemplo, piquetes grevistas, ocupações de terra e bloqueios de estrada. Muito menos o recurso à vaia.

O sistema democrático, afinal, não tem como finalidade tornar a política o reino dos eunucos, mas normatizar o conflito de classes, partidos e grupos a partir de regras válidas para todos e resguardadas pelas instituições pertinentes.


Charge de Carlos Latuff




Protegido por esse princípio, o então prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, organizou uma claque para vaiar o presidente Lula na abertura dos Jogos Panamericanos de 2007 e impedi-lo de discursar. A esquerda aceitou o fato como natural e tratou de mobilizar suas forças para, na garganta, neutralizar as cornetas conservadoras.

Na semana passada, quando a blogueira Yoani Sanchez chegou ao Brasil, diversas entidades e agrupamentos progressistas resolveram botar a boca no trombone, por considerarem insultante a visita de uma dissidente incensada e financiada pelos Estados Unidos, no eterno propósito de combater a revolução cubana.

Esses movimentos tomaram várias iniciativas para demonstrar que, a seu juízo, Yoani era persona non grata. As medidas tomadas, em alguns momentos, até passaram do ponto, caindo em provocações e deslizando para o exagero. Os ativistas eventualmente cometeram erros políticos, correndo o risco da antipatia do senso comum. Agiram, contudo, sob amparo da mesma Constituição que avalizou os protestos do Maracanã.

Inúmeros oráculos da direita reagiram com fúria descontrolada. Cerraram fileiras e acusaram os manifestantes de atentarem contra a democracia, sem pudores de expor sua dupla moral. Boa parte dos que supostamente se horrorizaram com as vaias contra a escriba, vale lembrar, vibrou com a armação de Maia e se dedica a estimular qualquer ação de repúdio, verbal ou física, aos petistas acusados no processo do chamado "mensalão".

Essa indignação pretensamente democrática dos setores conservadores exala o odor de sua contumaz hipocrisia. Claro, muitos cidadãos torceram honestamente o nariz, à direita e à esquerda, pois está sedimentado, em nossa cultura política, que o confronto é uma aberração da natureza. Mas a vanguarda reacionária está preocupada com qualquer outra coisa que não os bons modos.

A direita imaginou que o road show de Yoani Sanchez seria a apoteose midiática de uma nova voz contra o governo cubano. Acreditou que teria conforto para revalidar seu ponto de vista sobre o regime fundado em 1959, dando-lhe ares de unanimidade, em um momento no qual as atenções se concentravam na eleição de Raúl Castro para novo mandato presidencial e no aprofundamento das reformas do sistema socialista.

Essa aposta, além de subserviência ideológica aos Estados Unidos, voltava-se também para desgastar um aspecto importante da política internacional brasileira, qual seja, o apoio à economia cubana e à integração plena do país no bloco latino-americano. Não é à toa que os valetes da blogueira foram alguns ases da oposição mais iracunda, aos quais se somou o inefável senador Eduardo Suplicy.

Solidariedade a Cuba

Qual não foi a surpresa dessa gente, porém, quando reparou que não haveria pacto de silêncio e a empreitada estava sendo enfrentada por onde passasse sua heroína. O governo não saiu um milímetro de seu papel institucional, a favor ou contra a blogueira, mas uma fatia da esquerda resolveu dizer publicamente o que pensava, em alto e bom som.

Bastou para os organizadores da visita reduzirem o número de eventos e Yoani cancelar sua ida para a Argentina, arremetendo diretamente para a República Checa. Temia-se que, em Buenos Aires, a recepção fosse ainda mais calorosa e massiva. O próprio Wall Street Journal, santuário do pensamento conservador, registrou que a presença da dissidente havia sido um tiro pela culatra e ressuscitado a solidariedade com a revolução cubana.

A mesma lucidez faltou a seus pares brasileiros. Como é de praxe, a imprensa tradicional recorreu à pena de articulistas que, com passado na esquerda, atualmente cumprem expediente como banda de música da direita. Outrora essa posição foi preenchida pelo talento político e literário de Carlos Lacerda, até de Paulo Francis. Infelizmente seus herdeiros têm poucas luzes e pálidos dotes narrativos, déficit que parecem compensar com um rancor irracional contra seu lado de origem.

E o ódio costuma ser, como se sabe, parteiro de ideias delirantes. Os manifestantes chegaram a ser comparados com os camisas-negras de Mussolini e as tropas de choque nazistas, enquanto Yoani Sanchez foi citada como equivalente cubana do sul-africano Nelson Mandela. São afirmações reveladoras de que não há limites para o reacionarismo quando as ruas ousam desafiar seu modo de ver o mundo.

 
* Breno Altman é jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi e da revista Samuel. Artigo originalmente publicado no site Brasil 247.



Salim Lamrani: As 40 perguntas que Yoani Sánchez não irá responder

A seguir estão algumas perguntas que a mídia brasileira não fez e não fará a Yoani Sanchez, a blogueira que personifica a oposição à Revolução cubana.


40 perguntas para Yoani Sánchez em sua turnê mundial: famosa opositora cubana fará seu giro global por mais de uma dezena de países do mundo

Por Salim Lamrani




1. Quem organiza e financia sua turnê mundial?

2. Em agosto de 2002, depois de se casar com o cidadão alemão chamado Karl G., abandonou Cuba, “uma imensa prisão com muros ideológicos”, para imigrar para a Suíça, uma das nações mais ricas do mundo. Contrariamente a qualquer expectativa, em 2004, decidiu voltar a Cuba, “barco furado prestes a afundar”, onde “seres das sombras, que como vampiros se alimentam de nossa alegria humana, nos introduzem o medo através do golpe, da ameaça, da chantagem”, onde “os bolsos se esvaziavam, a frustração crescia e o medo se estabelecia”. Que razões motivaram esta escolha?

3. Segundo os arquivos dos serviços diplomáticos cubanos de Berna, Suíça, e de serviços migratórios da ilha, você pediu para voltar a Cuba por dificuldades econômicas com as quais se deparou na Suíça. É verdade?

4. Como pôde se casar com Karl G. se já estava casada com seu atual marido Reinaldo Escobar?

5. Ainda é seu objetivo estabelecer um “capitalismo sui generis” em Cuba?

6. Você criou seu blog Geração y (Generación Y) em 2007. Em 4 de abril de 2008 conseguiu o Prêmio de Jornalismo Ortega e Gasset, de 15 mil euros, outorgado pelo jornal espanhol El País. Geralmente, este prêmio é dado a jornalistas prestigiados ou a escritores de grande carreira literária. É a primeira vez que uma pessoa com seu perfil o recebe. Você foi selecionada entre cem pessoas mais influentes do mundo pela revista Time (2008). Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores blogs do mundo pela cadeia CNN e pela revista Time (2008), e também conquistou o prêmio espanhol Bitacoras.com, assim como The Bob’s (2008). El País lhe incluiu em sua lista das cem personalidades hispano-americanas mais influentes do ano 2008. A revista Foreign Policy ainda a incluiu entre os dez intelectuais mais importantes do ano em dezembro de 2008. A revista mexicana Gato Pardo fez o mesmo em 2008. A prestigiosa universidade norte-americana de Columbia lhe concedeu o prêmio María Moors Cabot. Como você explica esta avalanche de prêmios, acompanhados de importantes quantias financeiras, em apenas um ano de existência?

7. Em que emprega os 250 mil euros conseguidos graças a estas recompensas, um valor equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como França, quinta potencia mundial, e a 1.488 anos de salário mínimo em Cuba?

8. A Sociedade Interamericana de Imprensa, que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional por Cuba de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação. Qual é seu salário mensal por este cargo?

9. Você também é correspondente do jornal espanhol El País. Qual é sua remuneração mensal?

10. Quantas entradas de cinema, de teatro, quantos livros, meses de aluguel ou pizzas pode pagar em Cuba com sua renda mensal?

11. Como pode pretender representar os cubanos enquanto possui um nível de vida que nenhuma pessoa na ilha pode se permitir levar?

12. O que faz para se conectar à Internet se afirma que os cubanos não têm acesso e ela?

13. Como é possível que seu blog possa usar Paypal, sistema de pagamento online que nenhum cubano que vive em Cuba pode utilizar por conta das sanções econômicas que proíbem, entre outros, o comércio eletrônico?

14. Como pôde dispor de um Copyright para seu blog “© 2009 Generación Y – All Rights Reserved”, enquanto nenhum outro blogueiro cubano pode fazer o mesmo por causa das leis do embargo?

15. Quem se esconde atrás de seu site desdecuba.net, cujo servidor está hospedado na Alemanha pela empresa Cronos AG Regensburg, registrado sob o nome de Josef Biechele, que hospeda também sites de extrema direita?

16. Como pôde fazer seu registro de domínio por meio da empresa norte-americana GoDady, já que isto está formalmente proibido pela legislação sobre as sanções econômicas?

17. Seu blog está disponível em pelo menos 18 idiomas (inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, português, russo, esloveno, polaco, chinês, japonês, lituano, checo, búlgaro, holandês, finlandês, húngaro, coreano e grego). Nenhum outro site do mundo, inclusive das mais importantes instituições internacionais, como por exemplo as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE ou a União Europeia, dispõem de tantas versões linguísticas. Nem o site do Departamento de Estado dos Estados Unidos, nem o da CIA dispõem de igual variedade. Quem financia as traduções?

18. Como é possível que o site que hospeda seu blog disponha de uma banda com capacidade 60 vezes superior àquela que Cuba dispõe para todos os usuários de Internet?

19. Quem paga a gestão do fluxo de mais de 14 milhões de visitas mensais?

20. Você possui mais de 400 mil seguidores em sua conta no Twitter. Apenas uma centena deles reside em Cuba. Você segue mais de 80 mil pessoas. Você afirma “Twitto por sms sem acesso à web”. Como pode seguir mais de 80 mil pessoas sem ter acesso à internet?

21. O site www.followerwonk.com permite analisar o perfil dos seguidores de qualquer membro da rede social Twitter. Revela a partir de 2010 uma impressionante atividade de sua conta. A partir de junho de 2010, você se inscreveu em mais de 200 contas diferentes do Twitter a cada dia, com picos que podiam alcançar 700 contas em 24 horas. Como pôde realizar tal proeza?

22. Por que cerca de seus 50 mil seguidores são na verdade contas fantasmas ou inativas? (ver aqui) De fato, dos mais de 400 mil perfis da conta @yoanisanchez, 27.012 são ovos (sem foto) e 20 mil têm características de contas fantasmas com uma atividade inexistente na rede (de zero a três mensagens mandadas desde a criação da conta).

23. Como é possível que muitas contas do Twitter não tenham nenhum seguidor, apenas seguem você e tenham emitido mais de duas mil mensagens? Por acaso seria para criar uma popularidade fictícia? Quem financiou a criação de contas fictícias?

24. Em 2011, você publicou 400 mensagens por mês. O preço de uma mensagem em Cuba é de 1,25 dólares. Você gastou seis mil dólares por ano com o uso do Twitter. Quem paga por isso?

25. Como é possível que o presidente Obama tenha lhe concedido uma entrevista, enquanto recebe centenas de pedidos dos mais importantes meios de comunicação do mundo?

26. Você afirmou publicamente que enviou ao presidente Raúl Castro um pedido de entrevista depois das respostas de Barack Obama. No entanto, um documento oficial do chefe da diplomacia norte-americana em Cuba, Jonathan D. Farrar, afirma que você nunca escreveu a Raúl Castro: “Ela não esperava uma resposta dele, pois confessou nunca tê-las enviado [as perguntas] ao presidente cubano. Por que mentiu?

27. Por que você, tão expressiva em seu blog, oculta seus encontros com diplomáticos norte-americanos em Havana?

28. Entre 16 e 22 de setembro de 2010, você se reuniu secretamente em seu apartamento com a subsecretaria de Estado norte-americana Bisa Williams durante sua visita a Cuba, como revelam os documentos do Wikileaks. Por que manteve um manto de silêncio sobre este encontro? De que falaram?

29. Michael Parmly, antigo chefe da diplomacia norte-americana em Havana afirma que se reunia regularmente com você em sua casa, como indicam documentos confidenciais da SINA. Em uma entrevista, ele compartilhou sua preocupação em relação à publicação dos cabos diplomáticos norte-americanos pelo Wikileaks: “Eu me incomodaria muito se as numerosas conversas que tive com Yoani Sánchez forem publicadas. Ela poderia sofrer as consequências por toda a vida”. A pergunta que imediatamente vem à mente é a seguinte: quais são as razões por que você teria problemas com a justiça cubana se sua atuação, conforme afirma, respeita o marco da legalidade?

30. Continua pensando que “muitos escritores latino-americanos mereciam o Prêmio Nobel de Literatura mais que Gabriel García Márquez”?

31. Continua pensando que “havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de toda tendência política” sob a ditadura de Fulgencio Batista entre 1952 e 1958?

32. Você declarou em 2010: “o bloqueio tem sido o argumento perfeito do governo cubano para manter a intolerância, o controle e a repressão interna. Se amanhã as suspenderem as sanções, duvido muito que sejam vistos os efeito”. Continua convencida de que as sanções econômicas não têm nenhum efeito na população cubana?

33. Condena a imposição de sanções econômicas dos Estados Unidos contra Cuba?

34. Condena a política dos Estados Unidos que busca uma mudança de regime em Cuba em nome da democracia, enquanto apoio as piores ditaduras do Oriente Médio?

35. Está a favor da extradição de Luis Posada Carriles, exilado cubano e ex-agente da CIA, responsável por mais de uma centena de assassinatos, que reconheceu publicamente seus crimes e que vive livremente em Miami graças à proteção de Washington?

36. Está a favor da devolução da base naval de Guantánamo que os Estados Unidos ocupam?

37. Você é favorável à libertação dos cinco presos políticos cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998 por se infiltrarem em organizações terroristas do exílio cubano na Florida?

38. Em sua opinião, é normal que os Estados Unidos financiem uma oposição interna em Cuba para conseguir “uma mudança de regime”?

39. Em sua avaliação, quais são as conquistas da Revolução Cubana?

40. Quais interesses se escondem atrás de sua pessoa?


Extraído do blog Viomundo

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Fidel aparece para votar e defende as atuais mudanças na ilha



Fidel aparece para votar e defende as atuais mudanças na ilha

Faltavam apenas alguns minutos para as 17 horas deste domingo (3), quando palmas e gritos de alegria das pessoas reunidas nos arredores do Colégio Eleitoral número 1, em Plaza da Revolução, Havana, indicaram a chegada do eleitor número 28. O líder cubano Fidel Castro, com andar pausado e cuidadoso, mas com sorriso e bom humor característicos, subiu a rampa de acesso à zona de votação, já com sua cédula em mãos, para votar nas eleições gerais.

Fidel conversou por mais de uma hora com admiradores e jornalistas cubanos, neste que é seu primeiro contato com o povo em alguns meses. Desde 2006 que o líder comunista não participava pessoalmente de eleições no país. Ele registrava o voto através de representantes. Depois de um período mais ausente de eventos, em 2012 participou de vários atos públicos, incluindo um encontro com o Papa Bento XVI. Suas fotos mais recentes são de janeiro de 2013, quando se reuniu com a presidente argentina Cristina Kirchner e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Logo ao chegar na sessão de votação, Fidel conversou com os mesários e as crianças que atuam como fiscais simbólicos do pleito. Em seguida, perguntou aos mesários se podia afastar-se para dialogar com a imprensa e ressurgiu então um Fidel conversador e midiático. Ninguém poderia esperar, contudo, que, apesar do avançado da hora ou do clima frio, ele passaria uma hora e meia conversando com os jornalistas e transeuntes que se reuniram na saída do colégio eleitoral.

Com uma memória prodigiosa, ao rememorar fatos e datas, um Fidel conversador e curioso – entrevistado por vezes, entrevistador por outras – falou da economia cubana e da mundial, da política nacional e internacional, da história passada e recente da América Latina, dos desafios atuais de Cuba, do papel da imprensa, da necessidade de evitar guerras e até de agricultura.

Fidel brincou até quando lhe perguntaram sobre as eleições, assegurando que não poderia revelar, "para não violar a lei, em quem votei". Mas ressaltou o papel que as mulheres vêm assumindo na política cubana. "E assim deve ser", completou. O ex-presidente procurou informações sobre a disputa, quis saber quantos haviam votado, quantos ainda deveriam fazê-lo. "Aqui as eleições não são como nos Estados Unidos, onde apenas uma minoria vota. Não podemos deixar que isso aconteça nunca, porque aqui o povo é que manda", disse.

Respondendo a uma pergunta de uma repórter sobre as atuais mudanças em Cuba, Fidel enfatizou que "a maior transformação de todas foi a própria Revolução. Mas, claro, nada é perfeito, muitas coisas sabemos hoje que não sabíamos então, e é necessário trabalhar para continuar aperfeiçoando o país. É um dever atualizar o modelo socialista cubano, modernizá-lo, mas sem cometer erros", disse.

"Agora tenho um pouco mais de tempo para ler, ver televisão, refletir. Aproveito muito para estudar, pensar nesses problemas, pois as pessoas, com suas preocupações diárias, que são tantas, às vezes não pensam nelas", disse Fidel, depois de falar sobre a crise, as altas taxas de desemprego e as guerras, um tema dos quais dedica muito tempo de estudo e reflexão.

"Cada vez estou mais convencido de que, como demonstra a história, pelos egoismos e ambições, por esse instinto natural e selvagem dos homens, são quase inevitáveis as guerras", expressou. "Mas as guerras são muito distintas quando se fazem por uma causa justa, pela liberdade, pela solidariedade, e nós estivemos dispostos a correr esses riscos", afirmou.
"Só um homem na história se fez famoso por levar adiante grandes campanhas militares, mas para libertar povos. Esse homem foi Bolívar", assegurou, para em seguida, completar que "Bolívar, mas também Martí e Chávez, são pessoas muito importantes para a América Latina".
Questionado sobre seu amigo, que se recupera em Cuba após cirurgia, disse que tem notícias dele todos os dias. "Está muito melhor, recuperando-se. Tem sido uma luta forte, mas tem melhorado. Temos que curá-lo. Chávez é muito importante para seu país e para a América Latina."
O tema derivou para a recente cúpula da Celac, que, segundo Fidel, "foi um passo muito importante para a unidade, do qual Chávez foi um dos maiores artífices".
O líder falou também sobre o avanço tecnológico e a importância de estar bem informado. "Por isso é tão importante o papel de vocês", disse, dirigindo-se aos jornalistas. "E que cada vez estudem mais para informar melhor e não digo isso como uma crítica, pois respeito muito o trabalho da mídia, mas porque estou convencido que os jornalistas são uma fortaleza para o país e para a Revolução."
Apesar da idade, Fidel continua assombrando os repórteres, por sua capacidade de compreender a realidade e falar sobre as mudanças atuais em Cuba e relacioná-las com coisas como a produção de alimentos, por sua capacidade de recordar detalhes tão incríveis como onde se compravam os primeiros búfalos que chegaram ao país ou simplesmente ao mostrar-se interessado na tiragem diária de cada periódico, mostrando com exemplos que realmente os lê cotidianamente.
Ao ser questionado por um repórter se gostaria de mandar uma mensagem ao povo de Cuba, Fidel olhou diretamente para o jornalista e, após pensar um instante, disse: "Este é um povo valente. Não temos que provar isso. Cinquenta anos de bloqueio e não puderam nos derrotar. O povo é tudo, sem o povo não somos nada, sem o povo não haveria revolução".
Fonte: Blog Vermelho, com Juventud Rebelde