Augusto César Petta *
Conforme já escrevi em artigo anterior, estive recentemente em Havana, juntamente com o Secretário-Adjunto de Relações Internacionais da CTB João Batista Lemos para participar de uma reunião de Centrais Sindicais componentes do Encontro Sindical Nossa América–ESNA e de Centros de Formação e Investigação.
Após a reunião que demorou 3 dias, tive a oportunidade de ficar mais dois, mantendo contato com cubanos, percorrendo algumas ruas da cidade de Havana. Chamou muito minha atenção o fato dos cubanos conversarem fluentemente sobre política. Fiquei com a nítida impressão que a mesma intensidade com que nós, brasileiros, conversamos sobre futebol, em Cuba fala-se sobre política. Bastava dizer que era brasileiro, imediatamente, as pessoas se referiam a Dilma e Lula. E demonstravam muita vibração com a vitória de Dilma nas eleição de outubro. Consideram Lula um amigo de Cuba e acham fundamental o avanço das posições progressistas no Brasil, por entenderem que o nosso país pela importância no cenário internacional , desempenha um papel estratégico revolucionário fundamental na construção da América socialista.
Uma mulher vendedora de livros numa banca de uma praça, não filiada ao Partido Comunista, me disse que os cubanos estudam muito e fazem questão que os filhos estudem também. E, por isso, conhecem um pouco da cultura dos outros países. Estávamos perto de uma fortaleza e ela logo foi explicando que a fortaleza havia sido construída há muito tempo, para defender Cuba de invasores. “Não pense que a cobiça de outros povos começou recentemente. Desde há muito, Cuba é alvo de interesses. Mas, nós somos fortes e enfrentamos as maiores adversidades. É difícil enfrentar o bloqueio dos Estados Unidos, mas nós venceremos e manteremos o socialismo”.
Fui recebido no Aeroporto de Havana, por um diretor da Central dos Trabalhadores de Cuba – CTC, que me surpreendeu com o nível de conhecimento que tem sobre o Brasil. Primeiro perguntou sobre Dilma e Serra, depois se referiu à vitória de Tarso Genro no Rio Grande do Sul e a derrota de Ana Júlia no Pará. Disse que já havia estado no Brasil algumas vezes e conhecia São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém e algumas cidades importantes do Nordeste. Depois, tive conhecimento que vários diretores da CTC estudam a história e a conjuntura atual de diversos países, entre eles o Brasil.
É muito interessante observar como vai se desenvolvendo o nível de politização do povo, no socialismo. Lá não cabe aquela famosa expressão “política não se discute”, expressão que, quando colocada em prática, contribui para fortalecer os interesses das classes dominantes e para alienar as classes dominadas.
As escolas de formação política e sindical proliferam-se em várias cidades do país. Os dirigentes sindicais são estimulados a fazer cursos de formação. Prática, teoria e prática enriquecida constituem-se na base da didática dos cursos ministrados. Os professores estimulam os sindicalistas a falar, nas aulas, sobre a prática que desenvolvem, para simultaneamente dissertar sobre a teoria que ilumina essa prática; dessa forma, os sindicalistas enriquecem sua prática a partir da teoria apreendida.
Aqui, no Brasil, cabe a todos nós, que temos consciência da necessidade da ação transformadora que tem como objetivo estratégico a conquista do socialismo, trabalhar para que os trabalhadores e trabalhadoras tenham cada vez, consciência política desenvolvida e simultaneamente desenvolvam uma prática conseqüente.
Extraído do sítio Vermelho
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