quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado




Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente. Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, destroçado pelo terremoto e pela cólera. Enquanto isso, a ajuda prometida pelos EUA e outros países.O artigo é de Nina Lakhani, do The Independent.



Por Nina Lakhani - The Independent


Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses herois são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.



Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.



Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.



Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente, deixando claro que o Haiti está se esforçando para lidar com a epidemia que já matou centenas de pessoas.



Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito - incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar - para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.



John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: "A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado".



Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 a Argélia em 1963. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução.



Os médicos itinerantes têm servido como uma arma extremamente útil da política externa e econômica do governo, gahando amigos e favores em todo o globo. O programa mais conhecido é a "Operação Milagre", que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanos em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo o de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967.



A Brigada Henry Reeve, rejeitada pelos norteamericanos após o furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão após o terremoto de 2005, e a última a sair seis meses depois.



A Constituição de Cuba estabelece a obrigação de ajudar os países em pior situação, quando possível, mas a solidariedade internacional não é a única razão, segundo o professor Kirk. "Isso permite que os médicos cubanos, que são terrivelmente mal pagos, possam ganhar dinheiro extra no estrangeiro e aprender mais sobre as doenças e condições que apenas estudaram. É também uma obsessão de Fidel e ele ganha votos na ONU".

Política se discute e muito, em Cuba


Augusto César Petta *

Conforme já escrevi em artigo anterior, estive recentemente em Havana, juntamente com o Secretário-Adjunto de Relações Internacionais da CTB João Batista Lemos para participar de uma reunião de Centrais Sindicais componentes do Encontro Sindical Nossa América–ESNA e de Centros de Formação e Investigação.

Após a reunião que demorou 3 dias, tive a oportunidade de ficar mais dois, mantendo contato com cubanos, percorrendo algumas ruas da cidade de Havana. Chamou muito minha atenção o fato dos cubanos conversarem fluentemente sobre política. Fiquei com a nítida impressão que a mesma intensidade com que nós, brasileiros, conversamos sobre futebol, em Cuba fala-se sobre política. Bastava dizer que era brasileiro, imediatamente, as pessoas se referiam a Dilma e Lula. E demonstravam muita vibração com a vitória de Dilma nas eleição de outubro. Consideram Lula um amigo de Cuba e acham fundamental o avanço das posições progressistas no Brasil, por entenderem que o nosso país pela importância no cenário internacional , desempenha um papel estratégico revolucionário fundamental na construção da América socialista.

Uma mulher vendedora de livros numa banca de uma praça, não filiada ao Partido Comunista, me disse que os cubanos estudam muito e fazem questão que os filhos estudem também. E, por isso, conhecem um pouco da cultura dos outros países. Estávamos perto de uma fortaleza e ela logo foi explicando que a fortaleza havia sido construída há muito tempo, para defender Cuba de invasores. “Não pense que a cobiça de outros povos começou recentemente. Desde há muito, Cuba é alvo de interesses. Mas, nós somos fortes e enfrentamos as maiores adversidades. É difícil enfrentar o bloqueio dos Estados Unidos, mas nós venceremos e manteremos o socialismo”.

Fui recebido no Aeroporto de Havana, por um diretor da Central dos Trabalhadores de Cuba – CTC, que me surpreendeu com o nível de conhecimento que tem sobre o Brasil. Primeiro perguntou sobre Dilma e Serra, depois se referiu à vitória de Tarso Genro no Rio Grande do Sul e a derrota de Ana Júlia no Pará. Disse que já havia estado no Brasil algumas vezes e conhecia São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém e algumas cidades importantes do Nordeste. Depois, tive conhecimento que vários diretores da CTC estudam a história e a conjuntura atual de diversos países, entre eles o Brasil.

É muito interessante observar como vai se desenvolvendo o nível de politização do povo, no socialismo. Lá não cabe aquela famosa expressão “política não se discute”, expressão que, quando colocada em prática, contribui para fortalecer os interesses das classes dominantes e para alienar as classes dominadas.

As escolas de formação política e sindical proliferam-se em várias cidades do país. Os dirigentes sindicais são estimulados a fazer cursos de formação. Prática, teoria e prática enriquecida constituem-se na base da didática dos cursos ministrados. Os professores estimulam os sindicalistas a falar, nas aulas, sobre a prática que desenvolvem, para simultaneamente dissertar sobre a teoria que ilumina essa prática; dessa forma, os sindicalistas enriquecem sua prática a partir da teoria apreendida.

Aqui, no Brasil, cabe a todos nós, que temos consciência da necessidade da ação transformadora que tem como objetivo estratégico a conquista do socialismo, trabalhar para que os trabalhadores e trabalhadoras tenham cada vez, consciência política desenvolvida e simultaneamente desenvolvam uma prática conseqüente.

Extraído do sítio Vermelho

sábado, 18 de dezembro de 2010

Fidel Castro: As mentiras de Bill Clinton



Realmente me dá pena ter de desmenti-lo. Hoje, não é mais que um homem de aspecto bonachão consagrado ao legado histórico, como se a história do império e — inclusive algo mais importante: o destino da humanidade —, estivesse garantido para além de algumas dezenas de anos, sem que na Coreia, Irã ou qualquer outro ponto de conflito tenha início uma guerra nuclear.

Como é conhecido, a Organização das Nações Unidas o designou seu "enviado especial" no Haiti


Bill Clinton — que foi presidente dos Estados Unidos depois de George H. W. Bush e antes de George W. Bush — por um zelo político ridículo, impediu que o ex-presidente Jimmy Carter participasse nas negociações com Cuba sobre a questão da migração, promoveu a Lei Helms-Burton e foi cúmplice das ações da Fundação Cubano-Americana contra nossa pátria.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Frei Beto: Revolução Cubana se move criticamente sobre si mesma


Frei Beto: um grande amigo de Cuba

Por Frei Betto*


Em 2011 se completarão 30 anos da minha primeira visita a Cuba. Eu trabalhava no Brasil com o método de Paulo Freire. Queria trazer a Cuba essa contribuição, estava convencido da importância política da metodologia da educação popular. Quando cheguei, havia preconceitos não só para com esta metodologia, mas também em relação à figura de Freire. Seu primeiro livro tinha causado certo receio entre os companheiros do Partido Comunista de Cuba.

Um marxista cristão, soava então contraditório: o marxismo era considerado uma fé e não se podia ter duas.

Então propus em Havana um Encontro Latino-Americano de Educação Popular. Os cubanos prepararam tudo; mas no encontro não havia nem um cubano. Dois anos depois, consegui que a Casa das Américas organizasse um segundo encontro. Vários cubanos compareceram como meros assistentes, diziam que em Cuba tudo era educação popular e não havia necessidade de ter uma equipe para isso. No terceiro encontro, a participação cubana já foi ativa. Assim surgiu a equipe do Centro Martin Luther King.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cúpula Ibero-americana exige que os EUA encerrem bloqueio contra Cuba

Foto oficial da XXª Cúpula Latino-americana



Na 20ª Cúpula Ibero-Americana, em Mar del Plata, na Argentina, os chefes de Estado e do Governo reiteraram neste sábado sua exigência aos Estados Unidos para que coloquem um ponto final no bloqueio a Cuba.

"Pedimos que os Estados Unidos da América coloquem fim ao bloqueio", diz o documento que exige que Washington cumpra com as 19 sucessivas resoluções aprovadas na Assembleia Geral das Nações Unidas ordenando o fim do bloqueio contra a Ilha.

O documento qualifica de inaceitável a aplicação dessas medidas coercitivas unilaterais, as quais afetam o bem-estar dos povos e seu acesso e desfrute pleno dos benefícios da cooperação internacional.

Também refere-se aos obstáculos que isso causa à concretização do que é o lema desta Cúpula, ou seja, a Educação para a inclusão social, além de afetar os processos de integração.

A declaração reitera a enérgica rejeição à aplicação de medidas unilaterais, como a Lei Helms-Burton, e exorta os Estados Unidos a eliminarem e cumprirem as sucessivas resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas, pondo fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba.

O comunicado é uma reafirmação e atualização de textos aprovados nas cúpulas de Salamanca em 2005, Montevidéu em 2006, Santiago do Chile em 2007, San Salvador em 2008 e Estoril em 2009.

A declaração final da cúpula de Mar del Plata, que tem como lema "Educação para a inclusão social", inclui também uma cláusula democrática contra tentativas golpistas na região, entre outros pontos.

Do Vermelho e Portal Terra

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Atilio Borón: Cuba e a hora da mudança






Em Cuba se está efetivando um grande debate sobre o futuro econômico da ilha. Entre os cubanos se fez presente a convicção de que o atual sistema econômico, inspirado no modelo soviético de planejamento ultra-centralizado, encontra-se exaurido. Como advertiram Fidel e Raúl, sua permanência compromete a sobrevivência da Revolução. Se se quer salvá-la será necessário abandonar um sistema de gestão macroeconômica que, de forma clara, já passou a melhor vida.



Por Atilio A. Borón (extraído do Portal Vermelho)

A experiência histórica tem mostrado que a irracionalidade e desperdício dos mercados podem ocorrer em uma economia totalmente controlada pelos planejadores estatais, que não estão a salvo de cometer erros grosseiros, que produzem irracionalidades e desperdícios que afetam o bem-estar da população.



Exemplos: em um país com um déficit habitacional tão grave como Cuba, a agência estatal encarregada das construções tem registrado 8 mil pedreiros e 12 mil pessoas dedicadas à segurança e guarda dos depósitos das empresas de construção do Estado.



Ou que os relatórios oficiais revelem que 50% da área agrícola da ilha não está sendo cultivada, em um país que deve importar entre 70 e 80% dos alimentos que consome. Ou que quase um terço da safra é perdida devido a problemas de coordenação entre os produtores (sejam eles agências governamentais, cooperativas agrícolas ou outras empresas), as empresas de armazenagem e seleção e os serviços de transporte do Estado, que devem levar as colheitas até os grandes centros de consumo.


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