domingo, 28 de novembro de 2010

Juventud Rebelde: As linhas do futuro de Cuba


Desde a publicação, há alguns dias, do Projeto de Orientações da Política Econômica e Social a ser discutido no VI Congresso do Partido Comunista de Cuba, muitas esquinas estão fervilhando com o debate sobre esse tema por toda a nação. O simples fato de o projeto ter sido procurado nas prateleiras com bastante avidez mostra a grande expectativa que os temas listados no documento suscitou em toda Cuba.



E não é para menos. O propósito de se planejar em profundidade revisar os caminhos econômicos e sociais que regerão o país nos próximos anos, e não fazê-lo apenas na sessão final do Congresso, mas envolvendo todo o povo, é, para muitos, motivo de estímulo.



Ninguém quer "ficar de fora" em dar sua opinião. E todos os consultados por Juventud Rebelde disseram se sentirem "tocados" por alguma das "orientações", como o projeto ficou conhecido pelas pessoas na rua.

Leia o restante da matéria clicando abaixo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cebrapaz condena massacre no Saara

Acampamento do povo saharauí


O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) organização membro do Conselho Mundial da Paz, vem a público repudiar a brutal agressão realizada pelo Marrocos aos acampamentos saarauis.

Na madrugada deste dia 09 de novembro, as forcas de repressão da monarquia do Marrocos, reprimiram brutalmente uma manifestação pacífica do povo saaraui.

Tratava-se de um acampamento montado a 20 quilômetros de El Aaiún, capital da Republica Árabe Saaraui Democrática (RASD), ocupada pelo Marrocos. O acampamento composto de mais de 7 mil tendas, foi completamente destruído. Existem notícias de mortes e mais de 65 detidos.

Esta foi a maior manifestação realizada pelo povo saarauri desde o fim da guerra entre a Frente Polisário e o Marrocos em 1991. Desde este momento, espera-se pela realização de uma consulta onde se determinará se os saharauis preferem manter-se sob o domínio do Marrocos ou constituir uma república independente.

A repressão que levou a mortes e a inúmeras detenções ocorreu no mesmo dia em que estava marcada na sede das Nações Unidas a retomada das negociações entre o Marrocos e a Frente Polisário, para a realização do referendo, em uma clara demonstração de que ao Marrocos não interessa a realização de dita consulta.

O Cebrapaz soma-se às demais forças defensoras da paz e da autodeterminação dos povos, no apelo a que os organismos internacionais se mobilizem frente a esta grave situação. O silêncio da União Europeia e da Espanha os torna cúmplices dos atos ocorridos en El Aaiún.

Desde o Brasil exigimos o fim das hostilidades e da agressão ao povo saaraui e nos solidarizamos com sua luta pela autodeterminação.

Viva a luta do povo saaraui!
Pela Autodeterminação dos Povos!


Socorro Gomes, pela diretoria do Cebrapaz — Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cuba aprofunda negócios com Brasil e Venezuela

 

 

Cuba realiza negócios com seus dois principais sócios econômicos na América Latina, Brasil e Venezuela, com o objetivo de ampliar o comércio e o investimento em projetos estratégicos como o petróleo e os portos, informaram nesta quinta-feira autoridades do governo.

Os intercâmbios comerciais são realizados nesta semana na XXVIII Feira Internacional de Havana, na qual participam cerca de 2 mil empresas de 57 países.

Sobre a relação da ilha com o Brasil, o vice-ministro de Comércio Exterior de Cuba, Orlando Hernández, indicou que o fluxo comercial bilateral entre os países alcançou 300 milhões de dólares no fim do terceiro trimestre de 2010.

Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, velho amigo do ex-presidente Fidel Castro, o Brasil se converteu no segundo sócio comercial de Cuba na América Latina e os dois países assinaram projetos de cooperação na produção de fármacos, vacinas e energia renovável.

Também criaram uma empresa mista para a modernização e ampliação do Porto de Mariel, 50 km a oeste de Havana, para o qual Brasil concedeu um empréstimo de 300 milhões de dólares.

O governo de Cuba disse esperar que com a futura presidente do Brasil, Dilma Rousseff, sucessora de Lula, cresçam ainda mais as "muito boas" relações econômicas e políticas.

Quanto à Venezuela, Rodrigo Malmierca, ministro venezuelano do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, destacou que nos últimos cinco anos foram registrados "17 bilhões de dólares de intercâmbio, que fazem uma média anual de mais de 3 bilhões".

A Venezuela vende à ilha sobretudo petróleo (100 mil barris diários), produtos químicos, pesticidas, fertilizantes, produtos da indústria metalmecânica, enquanto Cuba fornece medicamentos, equipamentos médicos, químicos e principalmente os serviços de cerca de 40 mil profissionais, 30 mil deles médicos.

Os dois países, através de um acordo de cooperação que completa 10 anos, têm mais de uma centena de projetos em setores de alimentação, energia, saúde, transporte, além de terem modernizado e operarem a refinaria de Cienfuegos, no centro da ilha, que refina cerca de 65 mil barris diários e passa por obras de ampliação para chegar a 150 mil barris, disse Malmierca.

A refinaria é o centro de um pólo petroquímico que Venezuela e Cuba constróem - com um investimento de 5 bilhões de dólares - e que conta com outras fábricas, como as de materiais de construção a partir de derivados do petróleo.

Durante a feira, autoridades cubanas pediram aos sócios comerciais que tenham confiança nas reformas econômicas do governo de Raúl Castro, que inclui a abertura aos investimentos e pequenos negócios privados.

Fonte: AFP

Acidente aéreo em Cuba mata 68 pessoas

Um avião da companhia aérea cubana Aerocaribbean, no qual viajavam 61 passageiros e sete tripulantes, caiu nesta quinta-feira na região central de Cuba, informou a emissora de TV estatal. Segundo o comunicado oficial, havia "40 cubanos e 28 estrangeiros" a bordo.

De acordo com um comunicado do Instituto de Aeronáutica Civil, o avião teria informado a situação de emergência às 17h42 locais (20h42 pelo horário de Brasília) e perdido contato com os controladores antes de cair. As causas da queda do avião ainda são desconhecidas, mas ontem a região já se encontrava sob alerta devido à passagem da tempestade Tomas, que avança pela região em direção ao Haiti. Alguns voos haviam sido inclusive cancelados.

A aeronave, um ATR-72 que fazia o voo 883 e cobria a rota entre Santiago de Cuba e Havana, caiu na região de Guasimal, na província de Sancti Spiritus.

Não há sobreviventes entre as 68 pessoas que viajavam no avião que caiu na região central de Cuba na tarde dessa quinta-feira, segundo informou o site oficial Cubadebate.

Além dos 40 cubanos (dos quais sete eram tripulantes), voavam na aeronave nove argentinos, sete mexicanos, três holandeses, dois alemães, dois austríacos, um espanhol, um francês, um italiano, um japonês e um venezuelano.

As autoridades cubanas criaram uma comissão para investigar o acidente.


Histórico

O último acidente aéreo em Cuba ocorreu em março de 2002, quando um avião de menor porte caiu na província central de Villa Clara, matando as 16 pessoas a bordo, incluindo seis turistas canadenses, quatro britânicos e dois alemães, além dos quatro tripulantes cubanos.





segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Niko Schvarz: As razões de Cuba



O brilhante discurso do chanceler cubano Bruno Rodriguez na Assembleia Geral da ONU em 26 de outubro dotou de um sólido fundamento a resolução adotada pela 19ª vez consecutiva e por maiorias sempre crescentes, ao extremo de que a última teve apenas dois votos contrários (EUA e Israel) frente aos 187 que propugnaram a “Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, como reza o trexto da convocação.

Por Niko Schvarz*

Antes, um dado biográfico: o chanceler que expôs as razões de Cuba foi o responsável político da missão médica cubana enviada ao Paquistão quando um terremoto de grande intensidade destruiu a região nordeste do país. Ali a missão cubana foi a única que cumpriu os deveres auto-impostos de solidariedade internacional em uma região particularmente inóspita e duramente castigada.

O delegado cubano iniciou sua dissertação com um chamamento à luta por preservar a paz mundial, diante dos graves perigos que ameaçam a vida humana, tal como vem alertando sistematicamente Fidel Castro. Nesse quadro, asseverou que “a política dos Estados Unidos contra Cuba não tem sustentação ética ou legal alguma, credibilidade nem apoio”.

Assim o demonstram as votações sucessivas na ONU (o que pouco depois seria reafirmado) e os pronunciamentos dos países e agências especializadas da própria ONU. Em particular, “o rechaço da América Latina e do Caribe é enérgico e unânime. A Cúpula da Unidade, celebrada em Cancún (na Ribeira Maya) em fevereiro de 2010, o expressou resolutamente. Os líderes da região o comunicaram diretamente ao atual presidente norte-americano. O repúdio expresso ao bloqueio e à lei Helms-Burton identifica, como poucos temas, o acervo político da região”.

E do mundo. Assim o confirmam as decisões do Movimento de Países Não Alinhados, das reuniões de Cúpula Iberoamericanas, das Cumbres da América Latina e do Caribe com a União Europeia, da União Africana, do Grupo Ásia-Pacífico e de outros grupos de nações que se pronunciam a favor do direito internacional e do respeito aos princípios da Carta da ONU.

Ao mesmo tempo, como dado significativo, se acrescenta o consenso na própria sociedade norte-americana e na emigração cubana nesse país contra o bloqueio e a favor de uma mudança na política em relação a Cuba. 71% dos estadounidenses, segundo as pesquisas recentes, defendem a normalização das relações entre ambos os países, e 64% deles e similar proporção de residentes no sul da Florida se opõem à proibição de viajar a Cuba, que viola seus direitos de didadania, assinala o chanceler.

O dano direto ocasionado ao povo cubano não se mede somente pela astronômica soma de 751 bilhões de dólares, no valor atual dessa moeda, acumulada ao longo deste quase meio século de bloqueio. Há exemplos particularmente sensíveis, como a impossibilidade para Cuba de adquirir os equipamentos para tratar o câncer de retina em crianças, ou certos medicamentos anestésicos, todos eles fabricados por empresas estadunidenses; mas tampouco se podem utilizar aparatos de firmas alemãs, como a Zeiss, porque têm elementos aportados por uma companhia norte-americana, e se lhes proíbe exportá-los à ilha. Temos lido crônicas comovedoras que revelam as angústias geradas por estas carências, e sobre como lutam os médicos e os funcionários para sobrepor-se a elas e manter a excelência de seus serviços, conhecida no mundo porque dá mostras de insuperável fraternidade com dezenas de outros povos.

Mais adiante se expressa que as condições discriminatórias para as compras de alimentos norte-americanos determinaram sua drástica redução este ano, em prejuízo de Cuba e dos agricultores dos EUA. Apesar de que foram autorizados de maneira seletiva alguns intercâmbios culturais e científicos por parte de Obama, estes continuam sujeitos a severas restrições e muitos projetos não puderam concretizar-se pela negativa de licenças e vistos; e se proíbe aos artistas cubanos receber remunerações por suas apresentações nos EUA. Recrudesceu a perseguição contra os bens e ativos cubanos e contra as transferências desde e para Cuba. As multas dos departamentos do Tesouro e Justiça contra entidades de seu país e da Europa por transações realizadas com Cuba superam este ano os 800 milhões de dólares.

A conclusão do chanceler é que os EUA não têm intenção de eliminar o bloqueio, nem sequer “os aspectos mais irracionais do conjunto de medidas coercitivas mais abrangente e prolongado que jamais se aplicou contra nenhum país”. A Assembleia Geral da ONU disse que isto deve mudar radicalmente.

*Jornalista e escritor, membro da direção da Frente Ampla do Uruguai. Publicado em La República, 29 de outubro de 2010