HAVANA. — Cuba lembrou, em 17 de março, o 50º aniversário da Ordem Executiva do presidente estadunidense Dwight Eisenhower (foto), o qual aprovou as ações encobertas e terroristas contra a Ilha, em meio a uma nova campanha midiática dirigida a partir de Washington.
Intitulado Um programa de ação encoberta contra o regime de Castro, o documento assinado por Eisenhower representou a luz verde, em forma oficial, para desatar todo tipo de operações ilegais, com a esperança de derrocar o governo revolucionário.
Violando todas as normas internacionais que regem as relações entre governos e povos, ordenou-se formar uma organização integrada pelos remanentes da ditadura de Batista nos Estados Unidos para dar cobertura às atividades da CIA.
Paralelamente, punha-se à disposição desses planos todo o aparelho militar e de espionagem norte-americana, com o objetivo imediato de organizar uma força paramilitar que chegaria clandestinamente a Cuba, com o propósito de treinar e dirigir os grupos terroristas.
Os documentos tornados públicos pelo Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos, revelam que a Ordem incluiu iniciar uma ofensiva de propaganda internacional e criar, no interior da Ilha, um grupo clandestino para fornecer informação de inteligência.
Segundo instruiu Eisenhower, "nossa mão não deve aparecer em nada do que se faça", e fez jurar aos presentes, no ato de assinatura da Ordem, que ninguém tinha escutado nada do falado ali.
O diretor da CIA, na época Allen W. Dulles, recebeu depois a ordem do presidente "para que não se apresentasse nem sequer a esse Conselho (de Segurança Nacional), os relatórios secretos relacionados com Cuba".
Para apoiar a parte da propaganda, instruiu-se criar uma estação de rádio de onda meia para transmitir para Cuba, da Ilha Swan, ao sul do país antilhano.
A Ordem Executiva era equivalente a uma verdadeira declaração de guerra contra um pequeno país que não tinha atacado os Estados Unidos, e em suas memórias o próprio Eisenhower reconhece o ocorrido naquele tempo.
"Em 17 de março de 1960, eu ordenei à Agência Central de Inteligência que começasse a organizar o treinamento dos exilados cubanos, nomeadamente na Guatemala". E mais adiante acrescentou: "Outra ideia foi que começássemos a construir uma força anticastrista na própria Cuba. Alguns pensaram que devíamos colocar a Ilha em quarentena (leia-se bloqueio), argumentando que se a economia declinasse bruscamente, os próprios cubanos derrotariam Castro".
Os resultados desta agressão direta a Cuba puderam ver-se rapidamente com um enorme incremento dos atentados terroristas, o levante de grupos armados nas montanhas da zona central da Ilha, que assassinaram camponeses e a invasão derrotada da Baía dos Porcos.
A guerra tinha sido declarada unilateralmente. Décadas depois, a intenção de destruir a Revolução cubana continua latente no governo dos Estados Unidos. (PL)
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