quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Festa do Avante em Portugal

Socorro Gomes: O militarismo é a essência da política dos EUA


 
Durante a Festa do Avante, nos dias 3, 4 e 5 de setembro, organizada pelo Partido Comunista Português, maior evento político-cultural de Portugal e um dos maiores da Europa, foram realizadas diversos debates sobre temas políticos e culturais. Num desses debates, na noite de sábado, 5 de setembro, em que se discutiu sobre o militarismo, as ameaças de guerra e a luta pela paz, a presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, fez uso da palavra.

A mesa foi coordenada por Manuela Bernardino, do Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista Português, e contou com a participação de Rui Namorado Rosa, presidente do Conselho Português para a paz e a Cooperação, Chris Matlalo, responsável pelas relações Internacionais do Partido Comunista da África do Sul, Arun Kumar, do Partido Comunista (marxista) da Índia, Ghassan Saliba, do Partido Comunista Libanês e Yigit Gunay, representando o Partido Comunista da Turquia.

Manuela Bernardino denunciou a estratégia militarista e belicista do imperialismo estadunidense e da União Europeia e expôs os traços essenciais da política antiimperialista e de luta pela paz do Partido Comunista Português.

Rui Namorado Rosa chamou a atenção para a cúpula da Otan que se realizará em Portugal em 20 de novembro próximo. O dirigente do Conselho Português pela Paz analisou o chamado novo conceito estratégico da Aliança Atlântica que será adotado nessa reunião e informou sobre os preparativos que sua entidade está fazendo, junto com o Partido Comunista Português e mais de uma centena de organizações sociais portuguesas, para realizar uma grande manifestação de protesto em Lisboa contra a cúpula da Otan, sob a palavra de ordem “Paz sim, Nato não!”

A presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes destacou, entre outros aspectos:

“A humanidade vive uma fase histórica rica em acontecimentos marcantes, perigos ameaçadores e ao mesmo tempo grandes lutas e grandes esperanças.

A máquina de propaganda monopolizada pelo imperialismo e as classes dominantes reacionárias difunde teses falsas sobre estar o mundo vivendo período de transição democrática, solução de conflitos, busca da estabilidade, equilíbrio, retomada do direito internacional, diálogo e esforços pela paz.

São palavras que não correspondem aos fatos. As mudanças de estilo, as táticas diferentes que a realidade muitas vezes impõe aos governantes em seu esforço de adaptação e sobrevivência não alteram a essência dos fenômenos nem o rumo principal dos acontecimentos”.

Para Socorro Gomes, “o mundo continua um lugar instável e perigoso. As guerras de Bush que o atual presidente dos Estados Unidos continuou e das quais, apesar dos anúncios de planos de retirada, não dá garantias de sair, o tornaram ainda pior. O imperialismo e os governos que fazem parte do seu sistema de dominação prosseguem a ofensiva contra os povos, em termos de ataques à soberania, aos direitos sociais, à vida democrática”.

A dirigente do Conselho Mundial da Paz afirmou que a militarização continua sendo o principal vetor da política do imperialismo. “Já durante a campanha eleitoral, em que o então candidato Obama, conquistou apoio popular prometendo pôr fim à guerra, ele realçava que um dos mais importantes aspectos da sua gestão seria a preservação da superioridade militar dos Estados Unidos no mundo. Efetivamente, os Estados Unidos dispõem de uma descomunal força militar e nuclear, a qual constitui grave ameaça à segurança e à paz no mundo. Seus comandos e frotas navais encontram-se espalhados em todos os rincões do planeta, suas bases estão por toda a parte nos continentes, mares e oceanos – são mais de 800 bases e missões militares em cerca de 120 países. Seus gastos militares aproximam-se da colossal soma de 500 mil bilhões de dólares.

O militarismo dos Estados Unidos e demais potências tem alcançado novas proporções com o lançamento de dois comandos militares cuja finalidade é ameaçar povos de dois continentes formados por países que, em diferentes escalas, ressentem-se da opressão colonial e neocolonial: o Africom, para a África, e a Quarta Frota, para a América Latina e o Caribe.

A África abriga imensas riquezas em seu território e nas suas costas atlântica e índica. Está no alvo de intensa disputa entre grandes interesses econômicos e estratégicos. A criação do Africom é parte das movimentações que o imperialismo norte-americano faz no sentido de dominar o continente.

A América Latina, além de possuir abundantes riquezas minerais, água e biodiversidade, vive uma peculiar situação política. Considerada o quintal dos fundos do imperialismo norte-americano, que, no dizer do grande escritor uruguaio abriu-lhe e sangrou-lhe as veias, e submetida ao longo do século 20 a governos oligárquicos, a tiranias militares e governos servis e entreguistas, está vivendo um inédito processo de transformações democráticas, em que ressurgem com força as bandeiras da luta popular, do anti-imperialismo, do patriotismo e da união dos povos, que se traduzem nas ações de uma série de governos progressistas vitoriosos em sucessivas eleições desde 1998 até o presente. Alguns desses processos têm caráter revolucionário e pró-socialista, como os da Venezuela, da Bolívia, entre outros. São situações políticas novas, que vêm se somar à existência de Cuba Socialista. A Quarta Frota surge para ameaçar essas conquistas e deter esse processo”.

Socorro Gomes solidarizou-se com o povo português e desejou-lhe êxitos na preparação da manifestação contra a cúpula da Otan em novembro próximo.
“ Temos a certeza de que a rejeição do povo português aos planos militaristas e bélicos das potências imperialistas – os Estados Unidos e a União Européia - se expressará através da grande manifestação que terá lugar em Lisboa, sob a égide do movimento ‘Paz sim, Nato não!’, iniciativa de dezenas de organizações populares, coordenada pelo Conselho Português pela Paz e a Cooperação, integrante do Conselho Mundial da Paz e um de seus fundadores”.

Em sua opinião, na cúpula que se realizará dentro de dois meses e meio, em Lisboa, “o novo conceito estratégico da Otan resultará numa integração ainda maior entre a União Europeia, a OTAN e os Estados Unidos, no aumento das forças de rápida intervenção, na modernização das suas armas e no alargamento da sua esfera de atuação. A cúpula de Lisboa é um degrau a mais, uma escalada na concepção e ação da Otan como pacto militar agressivo, a serviço das potências imperialistas, os EUA e a União Europeia, uma força para a guerra, um instrumento de imposição da vontade desses potentados contra os povos, para sufocar os justos anseios destes à liberdade, ao progresso social e à independência nacional”.

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